Redação AI (09/03/06)- O que a gripe das aves na Ásia e Europa tem a ver com um pequeno agricultor no interior de Guatambu? Tudo. Vendendo menos lá fora, as agroindústrias direcionaram parte da produção ao mercado interno, o que causou redução no preço do produto.
Além disso, as empresas iniciaram um processo de redução do alojamento de pintinhos no campo, para diminuir o volume de abates. Como conseqüência, o produtor está ganhando menos. Sandro Corrêa, de Guatambu (SC), levou um susto quando foi ao banco receber pelo último lote de frangos que entregou há duas semanas.
Em vez dos R$ 2,7 mil que vinha recebendo normalmente, ganhou apenas R$ 1,5 mil. Como gastou R$ 300 em uma lona para forrar o piso do aviário com o objetivo de eliminar doenças, vai colocar R$ 600 em maravalhas, gastou R$ 100 de lenha e R$ 150 de luz, sobrou R$ 350, sem contar a mão-de-obra.
Corrêa já tinha um aviário com 100 metros de comprimento e, há um ano, investiu R$ 60 mil na nova unidade, com 50 metros. Mas, com a atual remuneração, mesmo sobrando R$ 1 mil por lote, ganharia apenas R$ 6 mil por ano.
O presidente do Sindicato dos Criadores de Aves de Santa Catarina (Sincravesc), Amadeu Kovaleski, disse que antes mesmo da gripe das aves já havia alertado sobre o aumento exagerado da produção, que estaria vulnerável a qualquer crise. Atualmente existem 13 mil avicultores no Estado, sendo a maioria (60%) na região Oeste.