A Frigol – quarto maior frigorífico do país, atrás de JBS, Marfrig e Minerva – reportou um crescimento de 21% na receita bruta em 2022, para R$ 3,8 bilhões. Este foi o terceiro ano seguido em que as vendas da empresa cresceram mais de 20%. O foco em ganho eficiência se traduziu em um lucro líquido três vezes maior do que no ano anterior, totalizando R$ 133 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) dobrou, para R$ 251 milhões, resultando em uma margem Ebitda de 7%. Por consequência, a alavancagem da companhia caiu de 1,3 vez em 2021 para 1,1 vez no ano passado.
Segundo Eduardo Miron, que assumiu como CEO no começo de 2022, um primeiro trimestre muito forte – considerado atípico dada a sazonalidade do negócio – e fortes vendas ao exterior deram impulso aos resultados. “A auto suspensão das exportações [em 2021] acabou tendo um reflexo positivo no começo de 2022”, relembrou o executivo ao Valor.
Na reta final de 2021, o Brasil confirmou dois casos atípicos de “vaca louca” e ficou mais de 100 dias sem vender à China.
Depois que as vendas ao país asiático foram retomadas, mantiveram-se firmes durante praticamente o ano inteiro. A China acabou representando 48% da receita da Frigol em 2022 – outros mercados internacionais responderam, juntos, por 5%. A empresa tem duas de suas três plantas de bovinos habilitadas por Pequim.
Mercado doméstico
No mercado doméstico, cuja demanda ainda está deprimida pela inflação, a estratégia da Frigol segue a mesma: foco no interior de São Paulo, onde é líder nos açougues de pequeno e médio porte, e o investimento em produtos de valor agregado. Em 2022, a empresa estreou no mercado de capitais, captando R$ 210 milhões em duas emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). O recurso foi usado para alongar a dívida da companhia. A segunda operação foi ancorada pela gestora Kinea.
“Isso foi um grande carimbo do quanto valioso e necessário foi o trabalho de governança e eficiência da operação”, disse o diretor financeiro Eduardo Masson, que também ingressou na Frigol em 2022. A Frigol espera manter o ritmo de crescimento em 2023. Para isso, prevê investir R$ 45 milhões e ampliar a produção de suas plantas até o limite seguro da capacidade. “Temos um projeto para cada planta, respeitando todos os parâmetros de qualidade, focados em ganho de eficiência”, frisou Miron. No ano passado, o aporte na operação tinha sido de R$ 40 milhões.