Redação (18/11/05) – O presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), Ricardo Gonçalves, afirmou ontem (17/11) que a indústria começa esta semana a suspender os abates de animais por causa da greve dos fiscais agropecuários. A greve eclodiu no último dia 7 e não há previsões para que se encerre. Os fiscais são responsáveis pela certificação da carne que circula no mercado doméstico e internacional. É necessário selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para que as mercadorias circulem. “Como a indústria não tem folga muito grande na capacidade de estocagem, algumas unidades já estão parando”, explicou Gonçalves.
Segundo o presidente da Abef, a produção de frango vem crescendo rapidamente para atender ao cintilante mercado exportador. Mas o aumento da capacidade instalada em câmaras frias não consegue acompanhar esse ritmo. “Isso significa que trabalhamos normalmente com algo entre 80% e 90% da capacidade de armazenagem em câmara fria em uso”, afirma. “Uma paralisação do comércio lota os armazéns rapidamente”. Gonçalves afirma que as empresas sequer podem retirar a carne de uma unidade para outra menos utilizada. “Afinal, a carne não pode circular sem o selo do SIF”.
Antes da greve estourar, um acordo entre o sindicato dos fiscais e o ministério do Planejamento foi costurado. Em tese, 30% da força de trabalho estaria operando para evitar o caos. Na prática, contudo, Gonçalves afirma que a medida é paliativa. “Mesmo os fiscais que estão trabalhando estão em um ritmo de operação padrão, e o congestionamento nos portos é grande”, diz.
Quatro portos concentram 80% dos embarques de carne de frango do Brasil: Itajaí (SC), Rio Grande (RS), Paranaguá (PR) e Santos (SP). “Só em Itajaí, há um acúmulo de 700 contêineres para transportar, e em Rio Grande o acúmulo é de 300 contêineres”, diz Gonçalves. Cada contêiner transporta em média 20 toneladas de carne.