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Cooperativas

Languiru esclarece dúvidas de associados sobre protocolo de intenções

Reuniões prévias com produtores de aves, suínos, leite, bovinos de corte e grãos antecedem Assembleia Geral Ordinária do dia 30 de março

Languiru esclarece dúvidas de associados sobre protocolo de intenções

Na segunda-feira, dia 27 de março, a Cooperativa Languiru iniciou novo ciclo de reuniões com associados. Os encontros são prévios à Assembleia Geral Ordinária, no próximo dia 30 de março, e foram organizados conforme o segmento produtivo, envolvendo associados produtores de aves, suínos, leite, bovinos de corte e grãos. Realizados no Salão Social da Associação dos Funcionários da Languiru, em Teutônia, mais de 500 pessoas participaram da programação na segunda-feira. Outros 200 associados estão previstos para a reunião desta terça-feira pela manhã.

Em pauta estiveram apresentação de números e indicadores da Languiru, detalhamento de negociações relacionadas às cadeias produtivas e explicações sobre protocolo de intenções assinado com empresa que poderá originar parceria para continuidade das atividades em momento de extrema dificuldade. Associados também tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas.

“É uma reunião de esclarecimento afim de que o associado saiba os reais números de sua Cooperativa e sobre o protocolo de intenções firmado com possível parceira”, explicou o presidente Dirceu Bayer, referindo-se especialmente ao documento assinado na última quarta-feira, dia 22 de março, entre a Languiru e o grupo chinês ITG Tianjiao e TJJT.

A decisão quanto à venda ou não de ativos da Cooperativa será levada à Assembleia, com os associados decidindo os rumos da Languiru. O vice-presidente Cesar Wilsmann, que é produtor de suínos, agradeceu a presença dos associados nas reuniões e os convocou a participarem da Assembleia. “Esperamos que todos saiam daqui cientes do momento da Languiru e dos próximos passos que precisam ser dados, sempre pensando no melhor para os associados”, disse, colocando-se à disposição para mais esclarecimentos ao quadro social.

 

Indicadores

O superintendente Administrativo, Comercial e Financeiro, Rafael Lagemann, e a gerente executiva de Controladoria, Carla Gregory, trouxeram os números da Languiru referentes ao exercício de 2022, indicadores que serão apreciados pelos associados na Assembleia. O Balanço Contábil e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que já foram pauta de discussão anterior do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal da Languiru, igualmente foram apresentados em reunião de Líderes de Núcleo, no dia 17 de março.

“Os números comprovam a piora do cenário num comparativo dos exercícios de 2021 e 2022. Os segmentos de aves e suínos carregam grande prejuízo nesse período. Ao mesmo tempo, a Languiru é muito impactada pela alta carga de juros do mercado financeiro e do preço das commodities, com os preços nas gôndolas não cobrindo isso. O custo do dinheiro é muito alto para mantermos toda essa engrenagem ativa”, enumerou Lagemann, adiantando que o cenário não vislumbra uma melhora com redução da taxa Selic, por exemplo.

O desempenho dos setores de aves, suínos, leite e rações foi detalhado aos associados. Valores vencidos com fornecedores também foram “postos à mesa”, com ênfase às dificuldades para renovação de operações do dia a dia, de custeio de capital de giro. “Isso fez com que o nosso caixa fosse comprometido”, explicou Lagemann.

 

Parceria

Essa perda de capacidade financeira e de recursos levou a Languiru a buscar por parcerias que pudessem viabilizar as suas atividades. O processo está sendo acompanhado de perto por empresa especializada em negociações com o mercado financeiro, especialmente bancos e fundos, e parceiros locais e estrangeiros.

Após a discussão e posterior deliberação dos associados em Assembleia, a negociação entre Languiru e o grupo chinês poderá ter continuidade ou não. Em havendo a possibilidade de evolução, a empresa parceira deve enviar ao Brasil equipe para processo de inspeção e avaliação. Por solicitação da Cooperativa, a comitiva deverá ser acompanhada pelo Conselho de Administração e pelo Conselho Fiscal da Languiru, além de comissões de associados escolhidos pelos participantes nas reuniões dessa semana. A parceria, se formalizada, pretende contemplar os segmentos de carnes (aves, suínos e bovinos de corte) e nutrição animal da Languiru, com ITG Tianjiao e TJJT manifestando intenção em aquisição de parte das operações da Cooperativa como estratégia global do grupo com atuação no ramo de alimentação. “Se aprovada pelo grupo chinês, a negociação terá a constituição de uma nova empresa com a participação da Languiru e do parceiro. Os percentuais de participação dependerão da avaliação a ser realizada”, explicou o superintendente Industrial e de Fomento Agropecuário, Anderson Xavier.

 

Negociações

O processo de renegociação da dívida financeira também foi detalhado. Foi apresentado pelo representante da empresa terceira contratada para auxiliar nesse encaminhamento. Derci Alcântara, da CD Capital, explicou os procedimentos adotados. Ele esteve acompanhado de Débora Crivelaro e Emir Rutsatz.

Além da negociação para alongar o perfil da dívida nos agentes financeiros, a empresa também está envolvida na negociação com possíveis empresas parceiras. “A proposta é de prorrogação de endividamento de curto prazo; manutenção das taxas de juros de crédito rural, que são as mais baixas do mercado, e limitação na renovação das taxas mais altas; e quatro meses de paralisação total de todo e qualquer endividamento, inclusive juros. A dívida da Languiru é alta com as taxas de juros atuais, não há atividade que pague isso, principalmente quando a maioria está concentrada no curto prazo com taxa Selic”, explicou Alcântara, frisando que as condições postas dependem de aprovação de desimobilização da Cooperativa a partir da Assembleia.

No processo de busca por eventuais parceiros para a Cooperativa, Xavier lembrou visitas à coirmãs do Rio Grande do Sul e outros Estados. “Entretanto, o momento não é propício para quem vende, a atual taxa de juros brasileira inviabiliza investimentos. O interesse de empresa da China, além de injetar recursos na Languiru, possibilita que nossos produtos também cheguem ao mercado chinês, que é muito mais rentável e, inclusive, acena com excelente oportunidade de incremento dos volumes produzidos”, exemplificou.

Wilsmann acrescentou que a busca por parcerias é primordial. “É nossa única saída, a Languiru não tem como enfrentar mais um ano de crise sem termos alguém que se associe à Cooperativa. As tratativas com o grupo chinês, desde que aprovadas em Assembleia, são as mais adiantadas, possibilitam a continuidade da Languiru e da produção de seus associados, que seguirão sendo atendidos pelo nosso Departamento Técnico. Também seguimos com a nossa marca”, explicou o vice-presidente.

 

Produção no campo e exportação

Xavier esclareceu dúvidas dos associados com relação à produção no campo. “Nenhuma empresa vem para a região e paga menos que outras empresas concorrentes estabelecidas. Com certeza o pagamento aos produtores será justo, independente do parceiro, com possibilidade de crescimento, o que é benéfico para os produtores rurais”, disse, citando a capacidade produtiva dos frigoríficos da Languiru.

No que diz respeito ao mercado externo, explicou que atualmente a Languiru possui habilitação para diversos países, mas ainda não está apta a negociar com o rentável mercado da China, com elevada demanda em consumo de proteína animal. “Se hoje tivéssemos essa habilitação, com certeza os Frigoríficos de Aves e de Suínos seriam viáveis.”

Associados que se manifestaram defenderam a necessidade de encontrar forma “sensata” de resolver o problema. Também se disseram preocupados com atendimento a possíveis novas exigências no campo, com novas dívidas, com a possibilidade de se manifestar numa eventual nova empresa que viesse a ser constituída a partir do aceite pela parceria, e com a nutrição dos animais diante da dificuldade da Languiru.

“Nenhum negócio será feito se os associados não apoiarem a parceria. Essa é a alternativa que existe. Tenho as mesmas inseguranças de todos os associados, tenho financiamento e investi na propriedade. Precisamos escolher um caminho. O mundo está globalizado, as empresas estão se unindo, se associando umas às outras, não podemos mais continuar fora disso”, concluiu Wilsmann.

A coordenadora jurídica da Languiru, Renata R. Madalosso Rosa, citou legislação específica para a preservação dos produtores rurais e mencionou os trâmites a serem adotados na Assembleia.

 

União de esforços

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, se manifestou na reunião com associados do segmento na tarde de segunda-feira e pediu a união de esforços. “Eu acredito no que está sendo apresentado pela Cooperativa. Na minha visão, não temos outra saída a não ser apostar nessa parceria. Podem ocorrer alguns ‘arranhões’ como em qualquer outro negócio, mas acredito nessa proposta. Estejam junto da Languiru, questionem, falem o que pensam, com civilidade, e filtrem o que ouvem ali fora. Vamos unir esforços, avaliem o que está sendo apresentado e, se alguém tem alguma fórmula diferente, que proponha, do contrário, o ‘barco vai afundar’”, disse, pedindo a participação dos associados na Assembleia.