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Fecoagro quer trocar carne suína por uréia

<p>Eventual transação com a Rússia acabaria com o risco cambial das cooperativas na importação de um dos seus principais insumos.</p><p></p>

Redação SI 22/09/2005 – A Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro-SC) iniciou tratativas com a Rússia para realização de um novo formato de transação comercial. A federação, junto com as 14 cooperativas que formam a Coopercentral Aurora, tem uma indústria de fertilizantes e está sugerindo aos russos que troquem carne suína por uréia, um dos principais componentes dos fertilizantes. A transação acabaria com o risco cambial das cooperativas na importação de um dos seus principais insumos.

Juntamente com uma comitiva de produtores de suínos, representantes da Fecoagro visitaram o país, o maior comprador de carne suína do Brasil, e levaram a proposta. Segundo Ivan Ramos, diretor-executivo da Fecoagro, a troca de mercadorias será vantajosa para as cooperativas, mas por enquanto não há uma sinalização de que poderá ser feita.

A proposta de permuta esbarra em algumas dificuldades. A principal delas é que na Rússia, diferentemente de Santa Catarina, as empresas ou cooperativas que lidam com fertilizantes não são as mesmas que trabalham no setor de carnes. “Precisamos de alguém que faça essa ponte”, diz Ramos.

Os produtores pediram auxílio de entidades russas ligadas ao setor agropecuário e apoio da embaixada brasileira na Rússia para os encaminhamentos. “Foram feitos os primeiros contatos de uma proposta que já estávamos pensando há dois anos”, diz Ramos.

Hoje, a demanda da Fecoagro por uréia é de 70 mil toneladas por ano. Cerca de 80% do que a cooperativa compra de uréia vem da Rússia. Demais insumos para produção do fertilizante provêm de países como Israel, Venezuela e Síria.

Ramos acredita que um acordo de permuta pela uréia reduziria os custos de produção do fertilizante sensivelmente, mas ainda não foi feito um estudo do impacto exato. “Com a troca, evitamos risco cambial. Cada compra terá um preço, estabelecido pelo mercado. Não há prefixação de valor”, diz, acrescentando que detalhes de um acordo desse tipo só poderão ser levantados com a sinalização de uma aceitação dos russos.

No patamar atual de preços, a permuta seria bastante interessante para os catarinenses. Hoje, uma tonelada da carcaça suína é vendida ao mercado russo por cerca de US$ 1,5 mil. Já a tonelada de uréia custa US$ 250 aos brasileiros. “Hoje está assim, mas daqui algum tempo pode estar diferente. O preço não é o mais importante. Relevante é estabelecer esse formato de operação”, destaca.

A Fecoagro tem uma fábrica de fertilizantes em São Francisco do Sul (SC) desde 2003, onde produz anualmente cerca de 100 mil toneladas de fertilizantes, consumidos exclusivamente por seus cooperados. Em 2004, o faturamento da Fecoagro foi de R$ 50 milhões e a expectativa é de que alcance R$ 80 milhões este ano.

A Rússia é hoje o segundo principal cliente de Santa Catarina. De janeiro a agosto deste ano, o estado exportou à Rússia US$ 380 milhões, principalmente de carne suína, um crescimento de 119% em relação ao mesmo período do ano passado.