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Números

<p>Após revisão, o lucro da Avipal virou prejuízo.</p>

Da Redação 15/08/2005 – A Avipal S.A republicou, na sexta-feira passada, espontaneamente o seu balanço de 2004 após revisão dos números do ano passado. Com isso, o que era um lucro de R$ 41,5 milhões se transformou num prejuízo de R$ 163,8 milhões. A alteração ocorreu em função de “ajustes não recorrentes” que totalizaram R$ 205,393 milhões, de acordo com José Carlos Aguilera, membro do comitê executivo da Galeazzi & Associados, empresa que comanda a reestruturação a Avipal desde o início de 2004.

Ele negou que a revisão das demonstrações contábeis seja parte de um eventual processo de preparação para vender a empresa que atua no setor de carnes e em lácteos, neste caso com a marca Elegê.

Conforme comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), “as alterações realizadas foram constituídas de provisões para perdas de estoques, créditos, ativos e passivos contingentes não recorrentes que poderiam representar insucesso na realização de ativos ou assunção de passivos.” As alterações foram definidas após “uma revisão minuciosa nos procedimentos e controles internos”. Em decorrência da revisão, a Avipal “decidiu de forma espontânea, atentando ao princípio da prudência, reapresentar as suas demonstrações contábeis” (…).

Segundo Aguilera, o objetivo da revisão é “a máxima transparência” em relação aos números da empresa. A “difícil decisão”, como disse o executivo, de reapresentar as demonstrações contábeis é decorrente do processo de reestruturação pelo qual a Avipal passa.

Aguilera afirmou que a primeira fase desse processo, iniciado no começo de 2004, teve como alvo a área comercial, com o objetivo de “melhorar o perfil de vendas” da companhia. A segunda fase focou a área industrial, com a remodelação e atualização de plantas industriais para reduzir custos. Essas duas fases duraram cerca de um ano. Na terceira fase, foram criados grupos internos para revisão de processos, conforme o executivo.

Foi então que se identificou a necessidade de reapresentar os números, já que estes “não refletiam o que deveriam”. Ele observou, contudo, que as alterações nos resultados de 2004 não afetaram o desempenho operacional e financeiro da companhia nos dois primeiros trimestres deste ano. No semestre, a receita bruta da Avipal atingiu R$ 1,060 bilhão ante R$ 1,107 bilhão dos primeiros seis meses de 2004. O lucro da empresa atingiu R$ 28,052 milhões no semestre, alta de 10,9% ante igual período de 2004, ajudado pelo aumento das exportações.

As principais alterações no balanço de 2004 da Avipal, que fizeram o lucro da empresa virar prejuízo, foram provisão de R$ 27,895 milhões para perdas sobre estoques de produtos acabados em depósitos frigoríficos de terceiros. Cláudio Santos, também da Galeazzi, disse que foram identificadas “diferenças entre controles físico e contábil e houve apuração de custos inadequadas”.

Também houve R$ 25,247 milhões em provisões para reversão de saldo de créditos a receber de cooperativas. A Avipal obteve direito aos créditos após decisão judicial, mas o devedor não pagou por isso metade da dívida foi provisionada, disse Santos. “Em atendimento à orientação técnica da CVM”, há R$ 43,3 milhões em reversão de créditos tributários registrados em exercícios anteriores, e R$ 53,4 milhões em provisão para perdas em processos de ICMS e de crédito presumido de IPI.

De acordo com Gildo Freire de Araújo, conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade, os erros registrados no balanço da Avipal poderiam ter sido detectados pela auditoria, que neste caso é a Nardon, Nasi, de Porto Alegre.