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Produtor rural fatura com dejeto suíno

<p>Resíduos valem crédito de carbono vendido para países obrigados a reduzir a poluição ambiental.</p>

Redação SI 25/07/2005 – O protocolo de Kyoto, que recomenda aos países industrializados uma redução de 5,2% das emissões de gases até 2012, vai contribuir para os suinocultores diminuírem o impacto ambiental da atividade. Empresas européias e asiáticas podem reduzir sua emissão ou financiar projetos que tenham o mesmo efeito em países em desenvolvimento.

Caso contrário, podem receber multa de US$ 40 (R$ 95) por tonelada de gás. Entre as iniciativas a serem financiadas estão atividades de reflorestamento, redução da emissão de poluentes e até tratamento de dejetos da suinocultura e bovinocultura.

Os projetos ambientais vão gerar crédito de carbono, que poderá ser comercializado por 4 a 10 euros (R$ 11,50 a R$ 28,90). A estimativa é de que a comercialização de créditos de carbono pode movimentar cerca de R$ 10 bilhões por ano. O Brasil pode abocanhar cerca de 10%. De olho neste mercado, empresas internacionais já estão desenvolvendo projetos.

A AgCert, empresa irlandesa com investimentos do IFC, braço comercial do Banco Mundial, lançou na sexta-feira, em Minas Gerais, o projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. O projeto consiste na construção de biodigestores para queima do metano liberado pelos dejetos suínos.

De acordo com o gerente ambiental da AgCert no Brasil, Paulo Furtado, a queima transforma o metano em carbono, que é 21 vezes menos poluente. Essa redução é contabilizada através de um medidor. Cada 40 metros cúbicos de metano gera um crédito de carbono. Furtado estima que uma matriz (reprodutora) de suínos em ciclo completo, incluindo sua prole, pode gerar de oito a nove créditos de carbono por ano.

Economia de R$ 18 mil na produção de energia

O gerente da AgCert destacou que além do crédito de carbono, o biodigestor reduz a poluição do dejeto. Através do processo de fermentação, os nitritos e nitratos, componentes cancerígenos dos dejetos, são transformados em matéria orgânica que pode ser utilizada como fertilizante.

O suinocultor Romulo Gontijo, de Bom Despacho (MG), instalou cinco biodigestores em sua propriedade de 1,2 mil matrizes e 30 mil suínos. O investimento foi de R$ 750 mil e deve movimentar R$ 100 mil por ano em crédito de carbono. Além disso, pode produzir energia com o metano. Com um investimento de R$ 350 mil o suinocultor estima uma produção de 120 a 150 botijões de gás por dia, economizando R$ 18 mil por mês em energia.