Redação SI 22/07/2005 – Ao contrário do confinamento individual, a manutenção de suínos gestantes em baias coletivas proporciona melhorias em suas condições de vida. Além do cumprimento das normas internacionais de respeito ao bem-estar animal, a medida também resulta em ganho de produtividade. Os animais passam a ter maior liberdade de movimentação, contato e interação social, com melhor conforto térmico e ambiental.
As constatações são de uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, que captou, por meio da análise de imagens, as condições ideais de conforto. As informações servirão de base para um software que será fundamental para tomada de decisões em relação à climatização das baias. Sabendo-se as preferências dos suínos, o sistema automatizado irá adequar, por exemplo, a temperatura do ambiente.
Inserido na área da “suinocultura de precisão”, o estudo foi desenvolvido no setor de gestação de uma propriedade de produção industrial de suínos localizada na cidade de Elias Fausto, interior de São Paulo. A análise dos dados estendeu-se de janeiro a março de 2005, com duração média de 67 dias. A pesquisa será apresentada no próximo dia 1 de agosto, na Esalq, como tese de doutorado de Héliton Pandorfi.
Durante a análise dos dados (67 dias), as porcas mantidas em baias coletivas apresentaram um comportamento menos agressivo. Recolhidas individualmente, mostraram atitudes típicas de estresse animal (chamadas “estereotipias”), como fuçar o piso sólido, morder barras de contenção, esticar o pescoço e realizar movimentações incomuns com a boca e a língua (aerofagia) com maior freqüência. Comportamentos considerados “agressivos”, como morder, brigar e empurrar, também foram vistos por meio das câmeras que monitoraram os animais.
Quando em coletivo, os suínos gestantes demonstraram comportamentos típicos de animais organizados socialmente, como cheirar, lamber e lambiscar. “Além disso, fora da baia individual, os partos tiveram uma duração menor e os leitões nasceram e abandonaram a amamentação com um peso maior”, explica o professor Iran José Oliveira da Silva, orientador da pesquisa. Ele aponta ainda que, enquanto nas baias coletivas o índice de mortalidade dos leitões ao nascer é de 17,49%, nas individuais, o número sobe a 22,54%. “Tudo isto indica um ganho de produtividade”, completa.
Mercado de exportação
A “filosofia de bem-estar animal” é, atualmente, uma premissa básica em importantes setores do mercado de exportação de produtos avícolas, bovinos e suínos, como a União Européia. Auditorias, vindas de empresas de diversos países, estão rastreando o sistema de produção desde seu início – da criação até o corte – para verificar se o animal é mantido em condições aceitáveis de comodidade.
“A pesquisa ganha importância neste contexto, pois quem não cumpre as determinações destes países que exigem que o animal seja bem tratado, pode ficar de fora do mercado”, conta o professor Iran da Silva.
O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), teve duração de dois anos e meio.
Mais informações: e-mail [email protected], com Hélinton Pandorfi, ou (0XX19) 3422-6675, [email protected], com o professor Iran da Silva