Redação SI 01/07/2005 – Desfazer os tabus que inibem o aumento do seu consumo e realçar as vantagens de um produto saudável, equilibrado e de fácil preparo são os maiores desafios para convencer os brasileiros a comer mais carne suína.
Com gestão profissional, e balizado por estudos científicos e estatísticas confiáveis, o novo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini, prepara uma intensa campanha de marketing da carne e a reestruturação da entidade para conferir mais peso às posições por ela defendidas nas relações com o governo, as indústrias e parceiros comerciais no exterior.
Valentini lembra que a fatia dos suínos no consumo interno de carnes caiu de 26% para 16% nas últimas três décadas, cedendo espaço a frangos e bovinos. De outro lado, porém, o consumo mundial per capita tem subido de forma vigorosa, passando de 36,4 kg, no início dos anos 80, para 87,9 kg em 2004. “Precisamos virar esse jogo. Não temos mostrado as qualidades da nossa carne”, diz Valentini. “O dever de casa da melhoria da produção e da qualificação do setor foi feito”.
A campanha de marketing incluirá demonstrações ao consumidor final sobre a qualidade do produto, mudanças nos cortes vendidos pelos frigoríficos e a apresentação do produto no varejo. “A indústria achou seu caminho e vende produtos derivados de suínos. Agora, vamos promover a carne suína com toda a sua força”, afirma Valentini. “Falta também mostrar os resultados do enorme esforço feito pelos produtores para avançar em tecnologia e completar a articulação política”.
Para facilitar a aproximação institucional, a sede da ABCS, às vésperas de completar 50 anos de fundação, será transferida de Estrela (RS) para Brasília. No papel desenhado pela nova diretoria, a ABCS também ampliará a atuação da entidade nas negociações internacionais para aumentar as vendas externas do setor. Valentini, que será empossado na próxima quarta-feira, tem experiência na área. Chefiou, sob a gestão Ernesto Geisel, as negociações com o governo do Japão para a criação do Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer), principal responsável pela implantação e o sucesso da adaptação da soja nas regiões Centro-Oeste e Norte do país.
Paulistano, Valentini é dono de uma fazenda de 290 hectares no principal núcleo agrícola do Distrito Federal (Padef), onde cria 1,7 mil matrizes suínas. Formado em agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), e com doutorado na Universidade Purdue (EUA), o novo presidente já tem na cabeça alguns instrumentos estratégicos para aprofundar e especializar a gestão. Planeja criar comitês técnicos para manusear informações estatísticas e dados econômicos, além de promover estudos nas áreas de produção, meio ambiente, segurança de alimentos, sanidade animal e rastreabilidade. “Vamos dar uma sólida base ao nosso trabalho. Há muita religião, mas pouco ciência e conhecimento de algumas questões”. Valentini começou a buscar parcerias com instituições influentes na área de pesquisa científica e econômica, como a Embrapa e a Esalq, por exemplo, para tratar de temas estratégicos específicos.