Redação AI 13/01/2004 – Em 2004, o Brasil conquistou uma fatia de 43% do mercado mundial de carne de frango, com um volume de exportações de 2,469 milhões de toneladas, 26% acima do ano anterior, quando teve uma fatia de 33%. Os dados foram divulgados ontem pela Abef (reúne exportadores de frango). O crescimento da receita no período foi de 44%, para US$ 2,6 bilhões em 2004. Com esses recordes, o Brasil se consolidou como maior exportador mundial de carne de frango.
O presidente da Abef, Júlio Cardoso, reconheceu que os resultados positivos do ano passado se deveram, em grande parte, a problemas sanitários – leia-se influenza aviária – em países concorrentes do Brasil. Mas ele disse que o crescimento da receita também está relacionado ao maior volume de cortes exportados em 2004, produto com maior valor agregado do que o frango inteiro.
Em função da influenza, o avanço do Brasil se deu principalmente no mercado da Ásia, que respondeu por 29,9% da receita com as exportações brasileiras de carne de frango. Essa fatia foi de 24% em 2003. “Pela primeira vez, a Ásia foi o maior cliente do Brasil. Isso ocorreu por causa da gripe aviária e da dificuldade produção em concorrentes”, disse Cardoso. Com a gripe aviária, o Japão elevou as compras do Brasil em 115%, para US$ 509,4 milhões no ano passado.
Também caiu a fatia da União Européia, de 26,9% em 2003 para 18,8% em 2004. Segundo o presidente da Abef, a taxação dos cortes de peito de frango salgado pela UE levou à redução das vendas à região. Além disso, a Tailândia passou a vender mais carne processada na região por causa da influenza (ver matéria ao lado), aumentando a concorrência para o Brasil.
As cotas russas para carnes fizeram a participação do país nas exportações brasileiras cair de 7,4% para 6,4% em receita. Mas Cardoso ressalvou que o Brasil exportou bem mais do que a cota destinada a “outros”, aonde está incluído. Essa cota era de 68,1 mil toneladas, e o Brasil conseguiu exportar 191,5 mil toneladas à Rússia porque outros países tiveram dificuldade de atender àquele mercado. “Isso deve se repetir este ano”, previu.
Cardoso também destacou que o Mercosul – entenda-se Argentina – deixou de ser “relevante” como mercado para o frango brasileiro e hoje praticamente não importa o produto brasileiro. O diretor-executivo da Abef, Cláudio Martins, observou que, entre 2000 e 2001, quando brigava com o Brasil na Organização Mundial do Comércio – pela acusação de dumping no frango, a Argentina fez investimentos e aumentou sua produção de aves, tornando-se hoje um concorrente do Brasil.
Apesar do forte desempenho em 2004, que fez do frango o segundo item na pauta de exportações do agronegócio, Júlio Cardoso disse que a valorização do real ante o dólar afetou a rentabilidade das empresas exportadoras. A Abef estima que a valorização do real fez o setor exportador deixar de ganhar R$ 330 milhões no ano passado. Se o dólar continuar no atual patamar e anualizando os dados, a perda seria de R$ 750 milhões. Para Cardoso, se o dólar ficar em R$ 2,70, o setor não conseguirá cumprir a meta de elevar os volumes em 10%, já que o interesse para exportar será menor. Nesse caso, o avanços ficaria entre 2% e 3%.