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Boa oferta complica comercialização do milho

Ainda há muito estoque de milho nas cooperativas; produtores estão aguardando um preço melhor.

Da Redação 16/01/2004 – 04h55 – A boa oferta de milho no Brasil pode complicar, no primeiro semestre, a comercialização da safra que começa a ser colhida este mês no Paraná. “O estoque de passagem é significativo e a safra normal, apesar da redução no plantio, terá boa produtividade. Não haverá problema de desabastecimento”, afirmou a engenheira agrônoma Vera da Rocha Zardo, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Informações da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) revelam que o estoque de passagem de 2003 para 2004, no País, é de 5,8 milhões de toneladas. O volume é suficiente para 1,7 meses de consumo. Em 2002, quando houve desabastecimento e o preço chegou a R$ 25,00 por saca, o estoque de passagem era de um milhão de toneladas. No Paraná, resta 20% das 14,4 milhões de toneladas produzidas em 2003, o que representa 2,5 milhões de toneladas. Esse estoque corresponde a 22% da demanda total do Estado.

Diante dessa conjuntura, a exportação será a saída para enxugar o mercado e dar liquidez ao produto nos próximos meses. A CONAB estima que, em 2004, o Brasil venda 5,5 milhões de toneladas ao mercado internacional. Vera aponta fatores favoráveis à melhoria da paridade de preços para a exportação. O relatório do USDA (departamento de agricultura dos EUA), que reduziu a estimativa de produção mundial de 610 milhões para 607 milhões de toneladas, elevou o preço futuro do produto em 5,3% nos contratos para maio. Os estoques mundiais também foram reavaliados de 74,2 para 67,49 milhões. O consumo mundial está projetado em 636 milhões de toneladas.

No mercado interno, a comercialização está parada. Com estoques recompostos para este mês e com a proximidade de colheita da safra nova, não há interesse, por parte dos compradores, na aquisição de produto. “Eles esperam redução nos preços”, disse Vera.

Os produtores, por outro lado, estão capitalizados e não têm urgência em vender o milho. Por isso, não autorizam a comercialização nos atuais níveis de preço. Ontem, em Londrina, a saca foi comercializada a R$ 14,80 por saca. O custo variável de produção em lavoura tecnificada, segundo o Deral, é R$9,50.

O gerente comercial da cooperativa Integrada em Londrina, Luiz Yamashita, confirma o quadro descrito por Vera. Segunda ele, os produtores estão insatisfeitos com o preço e seguram as vendas. O problema é que, como há bastante milho e trigo armazenado, pode haver dificuldades para armazenar a safra nova. “É essa situação que pressiona os preços”, disse.

Na cooperativa Integrada, 25% da safra de milho recebida continua armazenda. Em anos anteriores, apenas 10% da safra continuava em poder da cooperativa neste período do ano.