Redação SI 23/01/2004 – 09h55 – Entre os planos do setor brasileiro de exportação de carne suína para os próximos meses estão a consolidação de sua posição nos mercados já conquistados, a abertura de outros novos como a Europa, Japão, Coréia do Sul e México e a necessidade de enfrentar práticas desleais de comércio (como os processos de salvaguardas, dumping, subsídios, supostas barreiras sanitárias, entre outros). Mas todas essas ações precisam de empenho e de parcerias entre o governo, as empresas interessadas e as entidades do setor. No caso específico para a abertura de novos mercados, a carne suína brasileira conta com uma forte aliada: a Agência de Promoção às Exportações (Apex).
Abipecs e Apex irão trabalhar para a abertura de novos mercados para a carne suína em 2004 como a Europa, Japão, Coréia do sul e México |
A Apex, entidade criada em 1998 e ligada diretamente ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), trabalha hoje com 185 projetos de exportação, dos mais diferentes setores, entre os quais está incluído o da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). A parceria entre a Abipecs e a Apex movimenta cerca de R$ 4 milhões em ações de promoção internacional do suíno brasileiro como participação em feiras alimentícias e missões especiais a países com potencial importador.
Neste projeto, inúmeras empresas brasileiras, produtoras de carne suína, estão sendo beneficiadas com essas ações de promoção. “Ano passado, o Brasil participou de 410 eventos internacionais e realizou 8 missões de promoção aos seus produtos”, revela Juan Quirós, presidente da Apex. As ações da Apex em 2003 alcançaram vendas externas acima de US$ 390 milhões.
A Agência também recebe ajuda e orientação do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para identificar novos exportadores e novos produtos. “A Apex trabalha em parceria com o Sebrae e com outras entidades, para identificar setores estratégicos, firmar parcerias com entidades de classes e governos estaduais, com o objetivo de ampliar o seu número de projetos e sua área de atuação”, explica.
Em novembro passado, a Apex seguiu em missão à Índia para conhecer o mercado e promover os produtos brasileiros. Entre os itens em potencial ao mercado indiano estavam carnes, alimentos, cosméticos, calçados, confecções, equipamentos médicos e hospitalares. “A Índia possui um grande potencial de compra aos produtos brasileiros. Nesta primeira missão tivemos como objetivo conhecer o país e contratar uma empresa de consultoria de mercado para nos elaborar um estudo sobre os principais nichos que o Brasil poderá atuar”, diz Quirós.
Como a Apex trabalha?
A Agência de Promoção às Exportações trabalha com cinco tipos de projetos:
1) Projeto Setorial Integrado (PSI), tem por característica essencial seu alcance setorial.
2) Projeto Horizontal (PH), envolve a realização de várias ações de alcance multissetorial.
3) Projeto de Formação de Consórcio, tem por objetivo a associação de empresas com interesse voltado para a exportação.
4) Projeto Isolado envolve a realização de uma única ação ou evento.
5) Projeto Apex (PA), é de iniciativa da própria Apex, a quem compete concepção, o planejamento, a elaboração do projeto, e a promoção de negociações junto a eventuais instituições co-participantes para o desenvolvimento das ações previstas.
Juan Quirós, presidente da Apex, acredita na parceria entre governo, empresas e entidades para ampliar a participação do Brasil no mercado internacional |
A grande tarefa da Apex na missão de prospectar para vender mais. “Isto significa que o incremento das exportações passa por um processo de construir a inteligência comercial”, explica Juan Quirós. “E o primeiro passo foi dado: o lançamento do Plano Estratégico de Promoção Comercial, cujas diretrizes serão traçadas em sintonia com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e os diversos setores da economia que mantêm projetos em parceria com a Apex”.
Segundo Quirós, o Plano Estratégico de Promoção Comercial refere-se ao potencial do Brasil como exportador. “O Brasil é um grande exportador de produtos básicos, mas para alguns mercados é importante aprimorarmos a nossa oferta de produtos manufaturados”, destaca o presidente. Nesse sentido, a Apex conta com variado banco de dados com informações sobre produtos, empresas, clientes e potenciais clientes. “Todos os Estados da Federação serão avisados dos cruzamentos das informações. O conhecimento gerado com esses dados poderão dar início ao processo de orientar os segmentos produtivos, em sintonia com a Apex e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”. De acordo com ele, os empresários brasileiros podem ter acesso a esse banco de dados.
“Nele, temos informações sobre quem está comprando lá fora, quem é seu concorrente, preço médio de compra e o que um determinado país poderia estar comprando no referido Estado e não o faz e por quê”, abre Quirós. “Em um país como o Brasil, cuja extensão territorial é de cerca de 8 mil quilômetros de costa, não se pode restringir o acesso à informação. Esta é uma das estratégias para contratar empresas de prospecção de mercados, além de definir metas e mecanismos de resultados que poderão aferir quantas novas empresas estão exportando e quantos novos empregos estão sendo gerados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
Apex em 2004
Para o primeiro semestre deste ano, a Agência pretende agilizar o processo de aprovação de mais 40 novos projetos. Se aprovados, representarão uma injeção econômica para pequenos e médios empresários de pouco mais de R$ 61 milhões. A Apex também projeta levar ao exterior em 2004, 9,2 mil empresas, o que representará aumento de cerca de 15% sobre as 8 mil atendidas em 2003.
Juan Quirós revela que os trabalhos da Apex estarão voltados a mercados emergentes como países do leste europeu, da Escandinávia e do sudeste asiático, além da China, Índia e Rússia. A Apex ainda irá concentrar esforços nos países da América do Sul, sobretudo no Cone Sul.
Projetos do setor de carnes em parceria de promoção com a Apex |
Proponente | Objeto | Custo Total (R$) | Custo APEX (R$) | % |
ABEF II-RJ | Carne de Frango | 6.585.000,00 | 3.292.500,00 | 50,00 |
SICADERGS-RS | Carne Bovina | 891.250,00 | 445.625,00 | 50,00 |
ABIEC-SP | Carne Bovina | 7.287.244,01 | 2.654.710,00 | 36,43 |
ABIPECS-SP | Carne Bovina | 3.957.300,00 | 1.978.650,00 | 50,00 |
Fonte: Apex Brasil. |
Como participar? As empresas devem procurar suas entidades de classe para verificar se existem projetos de promoção de exportações em execução ou já encaminhados para a Apex. Outras informações: www.apex.org.br |
Crescimento das exportações brasileiras Em 2003, houve expansão das vendas de produtos não tradicionais ou com pequena participação na pauta, como recipientes para gases de ferro ou aço (165%), mármores e granitos (143%), máquinas de lavar roupa (140%), máquinas e aparelhos de uso agrícola (126%), reboques e semi-reboques para transporte de mercadoria (120%), máquinas-ferramentas para forjar metais (112%), refrigeradores e congeladores (110%), entre outros. As exportações não só cresceram para mercados tradicionais, como Estados Unidos (8,8%) e União Européia (19,8%), como também para regiões com menor participação nas compras de produtos brasileiros, como Ásia (32,8%), Europa Oriental (29,4%), África (21,1%) e Oriente Médio (20,3%). Outro destaque do ano foi a retomada das vendas para a Argentina. Em 2003, as exportações para aquele país somaram US$ 4,561 bilhões, o que significou um aumento de 94,7% em relação ao ano de 2002 (US$ 2,342 bilhões). Com esse resultado, a Argentina volta a ocupar a segunda posição de mercado comprador de produtos brasileiros. Com exportações de US$ 4,533 bilhões, e aumento de 79,9% sobre 2002, a China terminou o ano na terceira posição. (Secex) |
Desempenho dos Estados A análise das exportações gerais brasileiras por Estados mostra que 19 das 27 Unidades da Federação registraram exportações recordes em 2003, sendo 17 Estados com crescimento superior à variação da exportação geral, de 21,1%. Entre os Estados que apresentaram as taxas mais expressivas de crescimento, em 2003 sobre 2002, destacaram-se: Tocantins (181,2%), Goiás (69,8%), Paraíba (43,2%), Acre (39,9%) e Ceará (39,8%). Em valores absolutos, São Paulo ficou em primeiro lugar, com US$ 23,074 bilhões, seguido pelo do Rio Grande do Sul (US$ 8,013 bilhões), Minas Gerais (US$ 7,434 bilhões) e Paraná (US$ 7,153 bilhões). (Secex) |