Da Redação 09/02/2004 – 07h00 – A cadeia produtiva da soja estuda a criação de um fundo privado para investimentos em pesquisa e disseminação de informações sobre a ferrugem asiática da soja, que nesta safra atacou mais cedo as lavouras do país. O fungo está presente em praticamente todas as regiões produtoras e afeta com maior gravidade as produções dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.
A força-tarefa criada recentemente para aumentar o nível de informação e divulgar técnicas de controle da doença está elaborando um manual de normas e procedimentos que deverá atingir a um maior número de produtores possível. Tadashi alertou para a participação dos pequenos produtores de soja no processo.
“Os pequenos produtores devem ser vistos como empresários e, por isso, também podem contribuir para o fundo, que poderá disponibilizar dinheiro para pesquisa com maior agilidade”, afirmou.
A criação do fundo foi sugerida durante a reunião emergencial realizada nesta quinta-feira, dia 5, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O encontro tinha como objetivo discutir medidas adotadas para conter o avanço da ferrugem asiática, que pode provocar grandes perdas na produtividade, além de aumentar os custos com defensivos agrícolas. Os primeiros dados sobre os prejuízos causados pela doença na safra 2003/2004 serão divulgados na primeira quinzena de março, a partir do início da colheita.
Durante o encontro, o Sindicato Nacional de Defensivos Agrícolas (Sindag) informou que tem disponibilidade para aplicar em 3 milhões de hectares de soja, mas, segundo o pesquisador da Embrapa Soja, José Tadashi Yorinori, a área que necessita de proteção chega a 10 milhões de hectares. A alternativa seria direcionar os defensivos para áreas de maior risco, como os estados da região Sul e regiões do Cerrado com mais de 800 metros de altitude, que têm maior período de orvalho, situação que favorece o aparecimento do fungo.
Originária da Ásia, a ferrugem teve o primeiro foco registrado no Brasil em maio de 2001 e se manifesta a partir das baixas temperaturas nas lavouras. A incidência de orvalho nas folhas da leguminosa por mais de oito horas leva à rápida disseminação do fungo pelo ar. Segundo a Embrapa Soja, a ferrugem pode elevar os gastos com fungicidas entre US$ 120 e US$ 130 por hectare.