Da Redação 27/02/2004 – 05h44 – O Paraná vai deixar de colher um milhão de toneladas de soja nesta safra. Novo levantamento divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) revela que o Estado vai produzir 10,85 milhões de toneladas, volume 8,8% menor que a estimativa inicial. O problema afetou também o plantio do milho safrinha. A seca atrasou a semeadura e resultou na redução de pelo menos 5,4% nas estimativas de área e produção da safra que começou a ser plantada.
As informações são da engenheira agrônoma Vera da Rocha Zardo, do Deral. A quebra, que decorre da estiagem prolongada nas principais regiões produtoras, frustrou a expectativa de novo recorde de produção de soja. “Seria o quarto recorde consecutivo”, lamentou ela, acrescentando que as perdas são irreversíveis.
Segundo a especialista, o prejuízo pode ser ainda maior se houver falta de chuva na região Centro-Sul do Estado, que concentra lavouras na fase de floração. Até agora, as maiores perdas foram registradas na região de Toledo, onde a estimativa de produção caiu de 1,350 milhão para um milhão de toneladas. Na região de Cascavel, a perda foi de 200 mil toneladas. Em Campo Mourão, 170 mil toneladas deixaram de ser colhidas.
Com relação ao milho safrinha, a área inicialmente calculada era de 1,45 milhão de hectares que resultariam em 5,6 milhões de toneladas de milho. A nova pesquisa, entretanto, constatou que as lavouras cobrirão 1,37 milhão de ha e produzirão 5,35 milhões de toneladas. “Esse número deve ser ainda menor, pois o levantamento não incluiu a região de Toledo”, considerou Vera.
O produtor Mário Sossela Filho, de Céu Azul (51 km a oeste de Cascavel), ainda não começou a colher a soja, mas já contabiliza perdas entre 20% e 30% da produção. “A lavoura vinha bem. Tínhamos esperança que seria um ano cheio”, disse ele, cuja família plantou mil ha. Sossela também teve prejuízo com o milho safrinha. Após uma pequena chuva em janeiro, ele semeou 72 hectares à espera de novas precipitações. “Não choveu e perdemos tudo”, comentou. O produtor não pretende fazer o replantio da área. “Tem previsão de geada para abril. Seria muito arriscado”, justificou.