A empresa canadense AgCert desenvolveu um projeto baseado no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado pelo Protocolo de Kyoto. A idéia central é seqüestrar os gases produzidos na suinocultura por meio de biodigestores. Estes gases podem ser utilizados como fonte de energia ou aquecimento de galpões, por exemplo. Mas, também se tornariam créditos, que poderiam ser comercializados. Os potenciais compradores destes créditos seriam Fundos específicos do Banco Mundial, como o Fundo de Carbono e Desenvolvimento Limpo, e também empresas, as chamadas essenciais.
Para entender melhor o processo, é necessário compreender que o Protocolo de Kyoto estabeleceu metas de redução da emissão de gases causadores do efeito estufa. Determinadas empresas chamadas de essenciais, devido à sua importância econômica-social, não teriam como reduzir estas emissões dentro do seu sistema produtivo. Então, elas comprariam créditos de redução de emissão certificada. Uma forma de financiar alguém a diminuir a sua própria emissão, algo que a empresa não conseguiria fazer. O sistema é válido pois, de qualquer lugar do planeta, em no máximo 72 horas, estes gases atingem a Camada de Ozônio e, independentemente de onde ocorra a redução, os benefícios já poderiam ser sentidos.
O projeto desenvolvido pela AgCert tem financiamento do Banco Mundial. O produtor pagaria com os créditos obtidos no processo, os quais seriam comercializados pela AgCert. Hoje, a metodologia aprovada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) coloca a cada 12 mil terminados/ano o equivalente a 4.314 créditos. Para mil matrizes mais leitões de 22 Kg seriam 2.328 créditos. A ONU também estuda uma metodologia proposta pela AgCert. Nela, para o mesmo número de terminados a quantidade de créditos seria de 11.073. No caso das matrizes e leitões o número seria de 9.249 créditos.
Evento – A AgCert fez a apresentação de seu projeto na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em Campinas, na tarde desta segunda-feira (01/03). O evento foi promovido pela Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS) e contou com cerca de 30 participantes, entre produtores e representantes de empresas. “O Brasil está entre os cinco maiores produtores de suínos do mundo e tem uma grande preocupação com o meio ambiente. Um trabalho como este traz uma série de benefícios e será um exemplo para o mundo”, destacou o coordenador de projetos da AgCert, Michael Mirda.