Redação SI 29/03/2004 08h20 – Produtores rurais goianos voltam a discutir a construção de biodigestores. As pequenas usinas geradoras de energia e de calor são alternativa para eliminar dejetos de animais de forma lucrativa. No dia 5 de março, foi tema de palestra promovida pela Associação Goiana de Suinocultores.
Uma empresa canadense, com unidade em Minas Gerais, apresentou proposta de construção de biodigestores a todos os 105 suinocultores integrados à unidade da Perdigão em Rio Verde, sem desembolso de dinheiro pelos criadores. Uma granja com mil matrizes em ciclo produtivo completo emitiria cerca de 10 mil toneladas de gases de efeito estufa, durante um ano.
O custo do equipamento e da instalação, informa o diretor de mercado, Willian Gomes Eugênio, será financiado pela japonesa Shubu Electric Power e pela Shell mundial. O motivo seria a necessidade de ajuste às normas impostas pelo protocolo de Kyoto, elaborado em 1990 e já ratificado pelos países que o negociaram.
O acordo pela preservação ambiental estabelece limites para a emissão de gases poluentes pelas nações seguidoras, obrigando suas empresas a investir na eliminação desses, mas deixando a possibilidade de que os projetos sejam executados em países em desenvolvimento, inclusive em atividades diversas. Willian Eugênio diz que um dos modelos mais difundidos no Brasil é o vinibiodigestor da marca brasileira Sansuy, de São Paulo. A Agcert vem apresentando desde setembro, aos pólos de suinocultura do país, projeto sob o título Mecanismo de desenvolvimento limpo. A proposta, explica o diretor, é que o suinocultor concorde com a instalação do equipamento, sem ter de investir dinheiro. A empresa prestadora do serviço técnico é intermediária na obtenção dos recursos junto às duas companhias externas.
A maioria das granjas de suínos integradas à Perdigão, em Rio Verde, tem cerca de mil matrizes, mas, para exemplificar a capacidade produtiva do biodigestor, Willian Eugênio cita sua granja, com 500 fêmeas reprodutoras. O investimento foi de R$ 65 mil, valor que sofre variação, conforme o número de animais, mas com acréscimo inferior à proporção.
A granja gera 100 m3 diários de dejetos que proporcionam o equivalente a 30 botijões de gás de cozinha (GLP). Esse gás pode ser destinado a aquecimento de água (caldeira) ou para alimentar o gerador de energia (geralmente de 60 kwa). A propriedade terá energia para iluminação e uso em alguns aparelhos, como um triturador.
O suinocultor terá direito a créditos de carbono. No caso da granja de 500 matrizes, os créditos anuais seriam de cerca de R$ 25 mil. Firmado contrato com duração de dez anos, prorrogável por mais dois, todo o valor dos créditos é utilizado para liquidação do financiamento, o que, no exemplo, levaria prazo máximo de três anos. No restante do tempo de validade do contrato, o suinocultor recebe o dinheiro anualmente.