Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custo estimado para o cultivo de um hectare de soja em Mato Grosso, o maior produtor do país, na safra 2023/24 é de R$ 4,3 mil.
Esse valor representa uma queda de 12% em comparação com os gastos da temporada anterior, que foi considerada a mais cara da história pelos produtores.
É importante ressaltar que o cálculo realizado pelo Imea é atualizado mensalmente, sendo os dados mais recentes referentes ao mês de março. O valor estimado pelo instituto engloba os custos de produção, como investimento em insumos, operação com maquinários e mão de obra, mas não considera o custo total.
Se somados outros gastos com juros, de pós-produção, arrendamentos, taxas, impostos, o custo total para o cultivo de um hectare alcança R$ 7,5 mil. O investimento total entre as safras variou menos do que o custeio.
Apesar do recuo, o custeio na safra 2023/24 ainda é quase 50% superior ao registrado em 2021/22, quando o produtor investiu R$ 2,9 mil/hectare, mostram os dados do Imea. O aumento expressivo se deu principalmente a partir do impacto da guerra na Ucrânia sobre os preços dos adubos em 2022.
O conflito fez as cotações do insumo registrarem altas históricas. “O custeio é o que mais pesou nas safras recentes, sobretudo pela alta dos adubos e defensivos”, resume Cleiton Gauer, superintendente do Imea. A principal causa para a menor pressão dos últimos meses é justamente a queda de preços dos fertilizantes, que com defensivos e sementes formam o pacote de insumos mais utilizados na lavoura.
De acordo com o cálculo mais recente do Imea, os gastos com adubos para a temporada 2023/24 somaram R$ 1,9 mil por hectare, um recuo de 21% na comparação com a temporada 2022/23 – mas ainda 67% superior à safra 2021/22. Ainda segundo o instituto, os produtores do Estado de Mato Grosso garantiram, até março, a compra de 47% dos insumos necessários para a próxima temporada de plantio, que começa no mês de setembro.
O Imea não informa projeções futuras, mas Gauer avalia que “dificilmente ocorrerão grandes movimentações” em relação ao valor do custeio por hectare nos próximos meses. “A não ser que tenha uma queda muito significativa do pacote de insumos, os preços não tendem a arrefecer muito mais”, disse ele. Mesmo com a queda de cotações, os fertilizantes ainda representam, em 2023/24, 44% do valor de custeio do hectare, cerca de dez pontos acima do que costumam equivaler historicamente.
Participantes da cadeia de adubos não esperam por fortes oscilações de preços ao longo deste ano. Há um ajuste entre oferta e demanda no mercado global, observa Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da StoneX. Ele destaca alta de oferta sobretudo de ureia e potássio. Pela estimativa do Imea, o gasto com defensivos somou R$ 1,3 mil/hectare, com pouca variação sobre a safra passada.
Em comparação à temporada 2021/22, contudo, a alta é de 27%. Esses produtos representam 32% do custeio em 2023/24. O investimento em sementes é de aproximados R$ 700 por hectare, uma redução de 20% em comparação ao ciclo passado – mas 33% acima do valor da safra 2021/22.