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Suinocultura quer financiar estoques

Há quase um ano no prejuízo, estima-se que 5 mil produtores suspenderam ou abandonaram a atividade.

Redação SI 31/03/2003 – Suinocultores paranaenses querem que os governos federal e estadual estabeleçam, com urgência, uma política de estocagem de milho para garantir o abastecimento interno no período de entressafra, em novembro. A preocupação é que o preço da saca volte a subir com a falta de produto no mercado, inviabilizando a criação de suínos.

O presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Centro-Sul (Suinosul), Remi Sterzelecki, disse que os produtores irão formalizar essa proposta junto ao secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Orlando Pessuti. Uma das sugestões a serem apresentadas é que os estoques sejam feitos próximos dos produtores para evitar que o custo do transporte encareça os custos de produção. `Produzimos o dobro (de milho) do que precisamos. O que falta é formar estoques reguladores. Agora, na safra, que essas coisas tem que ser discutidas`, ponderou.
 

Sterzelecki lembrou que os criadores querem, ainda, garantir recursos para financiar a estocagem. Os suinocultores, há praticamente um ano `no prejuízo`, por conta principalmente da alta do milho, estão descapitalizados. O Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, estima que 5 mil produtores saíram do mercado em decorrência do cenário negativo. O total de criadores no Estado caiu de 30 mil para 25 mil.

A expectativa dos suinocultores era de estar trabalhando, neste início de ano, com o milho cotado a R$ 15,00 a saca. O preço médio no atacado, em fevereiro, de R$ 22,34, caiu cerca de 12% em relação a novembro de 2002, quando atingiu o valor mais alto do ano (R$ 25,58), mas ainda está elevado. Com o preço médio de R$ 20,00 em março, os criadores ainda estão tendo custo de produção de R$ 1,80 por quilo. `O mercado se aproximou disso. Chegamos a comercializar a R$ 1,75, mas há cerca de duas semanas fomos surpreendidos com nova queda`, relatou Sterzelecki.

Hoje, o produtor está recebendo em média R$ 1,55 por quilo. Sterzelecki avalia que essa queda foi motivada pela suspensão temporária das vendas para a Rússia, que está redefindo as cotas de importação do Brasil. `Um volume significativo que estava sendo exportado, agora está ficando no mercado interno, provocando a queda no preço da carne`, afirmou.

Paraná e Rio Grande do Sul tinham passado a exportar mais para o mercado russo, porque os criadores de Santa Catarina estavam enfrentando problemas com o vírus Augewisc, que causa a morte dos leitões. Segundo levantamento do Deral, no ano passado, o Paraná produziu 320 mil toneladas e exportou 35 mil toneladas.

Os criadores estão estudando o que fazer com o excedente de produção, até a Rússia retome as importações. Uma das saídas, afirmou Sterzelecki, pode ser o aumento do consumo interno a partir de negociações com os varejistas para que pratiquem preços mais atrativos para o consumidor.