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Exportação de soja tem ritmo forte em maio

Se esse ritmo for mantido até o fim de maio, o país terá exportado nos primeiros cinco meses 40% do total previsto para 2003.

Da Redação 26/05/2003 – Favorecidos pelos altos preços internacionais e pela forte demanda mundial, os embarques brasileiros de soja, principal produto da pauta de exportações do país, fluem em ritmo acelerado.

No primeiro quadrimestre do ano, o volume exportado do grão chegou a 4,6 milhões de toneladas, 80% mais que de janeiro a abril de 2002 e 40% acima do mesmo período de 2001, de acordo com a Secex – Secretaria de Comércio Exterior.

Isso significa que o Brasil já exportou 23% das 20,3 milhões de toneladas previstas para o ano pela Abiove – Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais. Esse percentual atingiu 16% em igual intervalo de 2002 e 21% em 2001. A comercialização da soja no ano passado foi atípica, pois a variação cambial atrasou os embarques.

Dados inéditos da Secex indicam que, em maio, foram embarcadas 1,772 milhão de toneladas até o dia 18 – 161 mil toneladas por dia, 11% mais que as 144,6 mil toneladas diárias de abril. Se esse ritmo for mantido até o fim de maio, o país terá exportado nos primeiros cinco meses 40% do total previsto para 2003.

Fonte de uma grande trading estima que 70% das exportações ocorrerão até julho e 92% até setembro. Outro sinal da antecipação: de janeiro a abril, os exportadores pediram na Secex registros de exportação para 13 milhões de toneladas de soja – 65% do total previsto para o ano.

A antecipação dos embarques de soja é um dos elementos que fez o país acumular saldos comerciais expressivos no início deste ano. Até a terceira semana de maio, as exportações brasileiras foram US$ 4,9 bilhões superiores às de igual período do ano passado. O incremento nas exportações de soja garantiu 25% deste valor.

“Com a quebra na safra dos Estados Unidos, a América do Sul está suprindo o aumento da demanda, principalmente da China”, explica Timoty Carter, diretor de soja da Coinbra, do grupo francês Louis Dreyfus.

Enquanto a produção brasileira aumentou 20% na temporada 2002/03 para 50,3 milhões de toneladas, a safra americana cedeu 5,5%, para 74,3 milhões de toneladas. Essa quebra baixou os estoques dos EUA para o menor nível dos últimos cinco anos.

Analistas do setor avaliam que esse cenário de aperto de oferta no curto prazo “inverteu” o mercado de soja na bolsa de Chicago. O contrato de julho fechou na quinta-feira (22) a US$ 6,2675 por bushel, enquanto novembro ficou em US$ 5,6625 por bushel.

Mais um motivo para os exportadores, que compraram antecipadamente mais de 50% da safra do produtor, agilizarem os embarques. “Quando o mercado está invertido, não compensa arcar com o custo de carregar um estoque”, avalia César Borges, vice-presidente da Caramuru.

A antecipação nos embarques de soja vai levar a superávits mensais menores – ou até a déficits a partir de julho. Em 2002, apenas 20% do saldo positivo do ano foi obtido no primeiro semestre. Para 2003, o Departamento Econômico do BBV Banco prevê que pelo menos 50% do superávit ocorra no primeiro semestre, diz o economista Fernando Barbosa.

O BBV tem uma das menores previsões do mercado para o saldo de 2003: US$ 14,7 bilhões. Uma das razões, explica Barbosa, é justamente a avaliação de que nos meses de julho, setembro e outubro a exportação terá taxas negativas em relação a 2002.

Além do movimento atípico no embarque de soja em 2002, também a greve da Receita Federal diminuiu as exportações de maio e junho e inflou às dos meses seguintes, lembra ele. “Por estas razões, o segundo semestre será menos pujante.” No caso da soja, os embarques do terceiro trimestre de 2002 somaram US$ 1,58 bilhão, US$ 600 milhões acima de 2002. “Em setembro do ano passado tivemos o maior volume mensal de embarque de soja de toda a história”, diz Fábio Silveira, da MB Associados.

O nível da taxa real de câmbio também pode afetar a balança comercial. O câmbio nominal médio de abril foi 9% menor que o de janeiro. No mesmo período, em termos reais – descontando a inflação local e a americana – o real apreciou-se em 17%, estima a Sociedade Brasileira de Estudos Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).