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Rússia pode retomar as compras de suínos

Os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina podem retomar as exportações de carne suína para a Rússia.

Redação SI 04/06/2003 – Os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina podem retomar as exportações de carne suína para a Rússia. A expectativa do setor é que, em 48 horas, o governo daquele país encaminhe a documentação autorizando a compra. Para reverter a crise do setor, o governo pode estudar a renegociação das dívidas dos produtores e o lançamento de novos contratos de opção de milho, de modo a garantir o abastecimento do grão, principal insumo no custo de produção dos suínos.

Toda a cadeia produtiva do setor reuniu-se ontem em audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. José Adão Braun, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), disse que a crise pela qual passa o setor é fruto do aumento do custo de produção, da maior oferta de suíno e da dependência de mercados externos, como a Rússia. “Precisamos de uma solução, ou enfrentamos a derrocada total da suinocultura”, afirma. Segundo ele, há um prejuízo de R$ 0,35 por quilo do animal vivo, ou o equivalente a 20,3% do preço pago pelo produto.

Durante o encontro, os suinocultores solicitaram que sejam prorrogados os financiamentos contraídos pelo setor para cinco anos, no caso do custeio, e 20 anos, no caso de investimento. Também pediram a inclusão da carne suína no cardápio das refeições oficiais, a compra do excedente da produção pelo governo, recursos para uma campanha de incentivo ao consumo de carne suína e a adoção de medidas de proteção de preço. Os produtores solicitaram ainda que não sejam mais liberados recursos para a construção de novos criatórios e a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para discutir a crise.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, disse que a renegociação das dívidas depende de um esforço do governo e do Congresso Nacional. Wedekin lembrou que é difícil a formação de estoques deste produto. “A maior expectativa é que a solução venha do mercado”, disse, referindo-se ao fato de haver menor produção de suínos no segundo semestre, favorecendo a alta do preço.

Wedekin anunciou que existem negociações para que sejam liberados R$ 370 milhões para o lançamento de novos contratos de opção de milho, que poderiam chegar ao volume de 1,5 milhão de toneladas. Com isso, o governo incentivaria a produção para a próxima safra, garantindo o abastecimento para o setor – a escassez do produto, no início do ano, favoreceu a alta do preço e o custo de produção dos suínos.

O secretário disse que, de imediato, o que ajudará o setor será a retomada das exportações para a Rússia, desovando um estoque de 23 mil toneladas de carne. Na audiência pública, o diretor de Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do ministério, Rui Vargas, disse que a proposta brasileira de certificação de área livre de Aujeszky por município, em substituição ao certificado estadual, está praticamente aceita pelo governo russo. Em São Paulo, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que há uma expectativa favorável nesse sentido.

“Esperamos um retorno para as próxima 48 horas”, afirmou Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora Exportadores de Carne Suína (Abipecs). Martins disse que espera para os próximos 30 a 45 dias a abertura de novos mercados, entre os quais, o da China e o da Coréia do Sul. Apenas o mercado da China representaria um potencial de 50 mil toneladas de carne/ano.