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Otimismo com cautela (Exclusivo)

Dirigentes da APCS arriscam algumas estimativas para a suinocultura paulista e brasileira para este segundo semestre de 2003.

Redação SI 22/07/2003 – Um tímido otimismo já pode ser sentido entre os suinocultores. O preço pago pelo suíno começa a reagir e o milho tem tendência de queda. Para o segundo semestre deste ano, há uma expectativa favorável, indicando que o produtor possa comercializar seus animais a valores que pelo menos cubram o seu custo de produção. Porém, cautela e muita informação antes de negociar têm sido as orientações da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS). “Estamos num mercado muito frágil e qualquer descuido pode atrapalhar esta tendência”, afirma Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da APCS.

O suinocultor deve estar atento e gastar o máximo possível de tempo no levantamento dos preços de mercado. “Uma colocação inadequada de animais pode levar a prejuízos ou a preços inferiores ao praticado no mercado”, avisa Ferreira Júnior. Ele acredita que se está num momento de reajuste e somente em três ou quatro meses se irá chegar a patamares satisfatórios em termos de preço de suíno. Dados da APCS indicam que o atual custo de produção gira em torno de R$ 35,50 a arroba. Para cobrir este custo seria necessário um milho a R$ 17,50 a saca de 60 quilos, uma soja a R$ 555,00 a tonelada e um sorgo a R$ 13,50 para uma produtividade de 20 terminados porca/ano.

Descarte – A melhora nos preços também está relacionada às reduções de plantéis que vêm ocorrendo desde que se instalou a crise na atividade. O primeiro vice-presidente da APCS, Weber Dalla Vechia, comenta que a diminuição da oferta tem contribuído para que o preço volte a ocupar patamares mais justos. “Mas não podemos nos iludir”, afirma. Para ele o prejuízo passou a ser menor, mas o produtor continua ainda no vermelho.

Mas após amargar constantes prejuízos e carregar incertezas quanto ao futuro, a reação do preço pago pelo suíno soa como alívio para o produtor, embora se saiba que daqui para frente nada deve ser como antes. “Não vai existir mais margens [de lucro] como no passado”, acredita Sandra Brunelli Prada, suinocultora e membro da diretoria da APCS.

Para atravessar o turbilhão pelo qual passou a suinocultura, Sandra teve que enxugar os custos internos de sua granja de 1,5 mil matrizes em São José dos Campos. Houve necessidade de buscar algumas alternativas na alimentação e até promover cursos de motivação aos funcionários para ampliar a produtividade. O número de matrizes em sua propriedade não chegou a ser reduzido, mas fêmeas ineficientes foram descartadas.

Milho – O segundo semestre também tem gerado boas expectativas porque há tendências de um excedente de milho e sorgo no mercado, o que garantiria a volta da lei da oferta e demanda. Ferreira Júnior aponta que o milho já começa a ser comercializado a preços menores e o recorde de produtividade do sorgo deve contribuir para segurar o valor do milho. Caso as expectativas em torno da safrinha se confirmem, haverá bastante oferta do grão no mercado. “Estamos aconselhando os criadores a comprarem apenas o necessário”, afirma.

Com a tendência de um recorde na produção de sorgo, o que deverá pressionar ou segurar o preço do milho, Ferreira alerta para o fato de que uma derrubada muito grande dos valores pagos pelo milho pode desestimular o agricultor na próxima safra. “Nós precisamos deste produtor para as próximas décadas e é necessário que ele tenha estímulo para plantar”, enfatiza o presidente da APCS.