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Bem-estar e qualidade

Algumas recomendações devem ser seguidas durante o manejo pré-abate de suínos para garantir o seu bem-estar durante o transporte e a qualidade de sua carne. O Brasil conta hoje com boas tecnologias, mas cabe à união de toda a cadeia suinícola o sucesso dessa etapa.

Redação SI 04/09/2003 – Todo suíno vai passar por, no mínimo, um transporte durante a sua vida. E para garantir o bem-estar desses animais durante o trajeto e a qualidade de todo o trabalho dispensado durante a sua criação, alguns fatores relacionados ao veículo de transporte e às acomodações da carroceria devem ser tratados com especial atenção. O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves e especialista em estudos de manejo e qualidade de carnes, Osmar Dalla Costa, ressalta que o manejo pré-abate dos suínos precisa ser feito em conjunto entre o produtor, o transportador e o frigorífico. “É preciso incluir nessa corrente a participação do poder público, na questão da manutenção das estradas”, diz.

Segundo Dalla Costa, para se realizar um adequado transporte de um lote de suínos da granja ao abatedouro, todos esses elos da cadeia acima citados precisam respeitar, ou se adequar, a algumas práticas de bem-estar animal hoje recomendadas no Brasil. Por exemplo, o pesquisador revela que a densidade ideal e recomendada no transporte de suínos é de 230 quilos por metro quadrado na carroceria. “É importante também lembrar que os animais precisam estar em jejum de 12 a 14 horas antes do embarque”, alerta. “O jejum é importante para evitar que os animais tenham indisposição digestiva durante o transporte”. Outro aspecto do jejum no processo pré-abate é a facilidade proporcionada na retirada das vísceras do animal no frigorífico, além da diminuição dos riscos de contaminação na área de abate.

Recomendações

No Brasil, de acordo com Dalla Costa, o tempo de viagem dos suínos, em média, ao abatedouro chega a durar, no máximo, entre três e quatro horas. “Viagens mais longas ocorrem em poucos casos, como em algumas regiões do Centro Oeste e do Sudeste”, afirma. Dalla Costa alerta que em viagens mais longas com os animais vivos não são recomendadas paradas, pois a temperatura interna da carroceria aumenta e isso não é bom para os suínos. “Nestes últimos dez anos, o transporte de animais vivos melhorou muito”, reconhece o pesquisador. “Hoje já temos carrocerias com plataformas hidráulicas para o carregamento e descarregamento, tipos de suspensão diferenciadas, mas ainda temos muito a melhorar, em diversos aspectos”.

Influência do transporte na qualidade da carne

“Todo o manejo pré-abate mal feito vai influenciar na qualidade da carne”, enfatiza Osmar Dalla Costa. Segundo ele, os maus tratos durante o carregamento e o transporte massivo dos animais pode gerar um lote estressado e, em casos extremos, até mortalidade. O suíno estressado apresenta queda na qualidade de sua carne e, muitas vezes, os animais chegam com sérios hematomas ao frigorífico que, automaticamente, condenam a qualidade de sua carcaça. “A influência mais comum do estresse na qualidade da carne dos suínos é a incidência de carne PSE (pálida, seca e exudativa) e de carne DFD (escura e seca)”, explica Dalla Costa. “Estas carnes não representam nenhum problema ao consumo humano, elas apenas perdem o seu valor no consumo in natura e são destinadas à industrialização”.

Algumas recomendações brasileiras de bem-estar no transporte de suínos vivos
– Deixar os animais em jejum de 12 a 14 horas antes do embarque;
– Rampa de acesso à carroceria com inclinação menor a 20 graus (o ideal é uma inclinação de zero grau tanto para subir como para descer);
– Densidade de até 230 quilos por metro quadrado;
– Evitar paradas durante o trajeto;
– Manter ventilação adequada na carroceria;
– Para trajetos mais longos, dispor bebedouros aos animais;
– Fazer o transporte dos animais de preferência à noite, quando é mais fresco;
– Investir no preparo e capacitação do motorista de transporte de carga viva.