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Universidade Federal de Uberlândia lança duas variedades de soja

Cada variedade deve render às empresas patrocinadoras cerca de R$ 2 milhões.

Da Redação 24/09/2003 – As novas variedades de sementes de soja convencionais UFU-801 (Fortuna) e UFU-501 (Riqueza) acabam de ser lançados pela Fundação de Desenvolvimento Agropecuário (Fundap) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Os cultivares são o resultado de oito anos de pesquisa realizada com base em um convênio técnico-científico entre a instituição e produtores de soja de Uberlândia. O projeto foi patrocinado por um grupo de seis empresas produtoras de sementes, que investiram R$ 250 mil na pesquisa. Ao ser revendida no mercado, cada variedade obtida pode render às empresas cerca de R$ 2 milhões.

As sementes passaram por dois anos de testes nos municípios de Uberlândia, Uberaba, Araguari, Patos de Minas e São Gotardo. O melhor resultado foi obtido no município de Araguari, onde a produtividade chegou a 4.000 quilos por hectare.

A semente UFU-801 apresenta alto potencial produtivo e ciclo de 141 dias até a manutenção, e a planta pode chegar a altura média na colheita de 86 centímetros com crescimento determinado. A produtividade da Fortuna nos testes chegou a 4.098 quilos por hectare – número superior à média mineira, de 2.700 quilos. A Riqueza apresenta ciclo menor, com 125 dias de maturação, altura da planta de 84 centímetros e produtividade média de 3.300 quilos por hectare.

A UFU-501 é uma alternativa aos sojicultores das regiões que apresentam problemas hídricos no final do ciclo. O geneticista e coordenador do projeto, Osvaldo Toshiyuki Hamawaki, explica que as espécies também apresentam uma boa resistência ao ataque de pragas. Por apresentar um ciclo ainda menor entre os dois cultivares, a variedade Riqueza, em especial, evita doenças comuns dessa etapa de produção como a ferrugem da soja.

O próximo passo agora é proteger e registrar os cultivares no Ministério da Agricultura e, depois, iniciar a produção de sementes pré-básica. Pelo contrato, nos próximos dois anos, a UFU deve fornecer 500 sacas de 40 quilos de cada cultivar para as empresas que integram o projeto. A produção, que deve começar em abril de 2004, está concentrada na Fazenda Capim Branco. Em contrapartida, o banco de germoplasma, com mais de mil cruzamentos de sementes, passa a ser de propriedade da Fundap/UFU. “Passamos a ter um banco de germoplasma riquíssimo. Temos de duas a três linhagens que são superiores a estas duas que acabaram de ser lançadas”, afirmou o pesquisador.

Mesmo com a conclusão do acordo técnico-científico, as pesquisas em sementes de soja vão continuar, e a proposta é testar 50 linhagens de cultivares em seis municípios de Minas Gerais, quatro do Mato Grosso, três de São Paulo e três de Goiás. Com essa ampliação da pesquisa, a UFU pode indicar tais sementes para o cultivo nesses Estados. O grande interesse dos pesquisadores é conseguir uma parceria de estudo para o Estado do Mato Grosso, cujas terras são consideradas um dos melhores solos do País para esse tipo de cultura. “Também vamos buscar parcerias com outras empresas que tenham interesse em financiar a pesquisa de novos cultivares”, afirma Osvaldo Toshiyuki Hamawaki.

Durante a pesquisa, mais de 30 alunos de graduação e pós-graduação participaram do trabalho, além de 12 professores do Instituto de Ciências Agrárias da UFU e de um técnico agrícola. A soja é originária da China e foi introduzida no Brasil por imigrantes japoneses em 1908. Mas somente a partir da década de 70 se expandiu no País, com o início da exploração do cerrado.

A soja é a principal commoditie brasileira, com produção de 52,2 milhões de toneladas na safra 2002/2003 e previsão de produção de 65 milhões de toneladas para o próximo ano. Esse crescimento pode fazer o Brasil alcançar os Estados Unidos, líder mundial na produção do grão, já no ano que vem. “O Brasil tem 40 milhões de hectares de cerrado que podem ser usados para a produção de soja. Isso significa que, ao contrário dos americanos, os produtores brasileiros têm terra para triplicar a área plantada de soja”, afirmou o pesquisador.