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Preço da soja dispara e trava mercado

Negócios ficaram quase suspensos nos dois últimos dias, devido a repique das cotações por causa denotícia de crise na safra americana.

Da Redação 02/10/2003 – 05h00 – Os negócios com soja no mercado goiano estão praticamente suspensos nos últimos dois dias, especialmente em relação aos contratos para entrega futura. Esse travamento do mercado se deve ao repique de preços do produto nas últimas semanas, decorrente de sucessivas informações sobre o mau desempenho da safra americana. A soja disponível chegou, ontem, a R$ 36,00 (US$ 12,62) nas principais regiões produtoras do Estado, e o produto para entrega em março estava cotado a US$ 15,09, cerca de R$ 43,45, mas sem realização de negócios.

Prevista inicialmente para 78 milhões de toneladas, a produção americana pode não passar de 71 milhões, segundo expectativa das próprias autoridades locais, e há analistas que já apostam em algo entre 68 a 69 milhões de toneladas. Essa frustração de safra decorreu principalmente da estiagem no Meio-Oeste dos Estados Unidos no período de formação dos grãos da soja, agravada pelos excessos atuais de chuva e frio no Centro-Leste, em pleno pico da colheita, o que deve influir na qualidade do produto.

Tendência

Para o analista de mercado da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, é prática comum das empresas de comercialização de soja se retirarem do mercado em momentos de altas significativas dos preços. “Isso demonstra a necessidade de os produtores aprenderem a negociar sua produção diretamente nas bolsas, evitando essas alterações de humores dos intermediários”, diz o assessor da Faeg. Segundo ele, se trabalhassem diretamente nos pregões, os sojicultores goianos poderiam fazer bons negócios na comercialização da safra futura.

O presidente da Cooperativa Mista dos Produtores do Sudoeste Goiano (Comigo), Antônio Chavaglia, admite que os negócios para entrega futura estão em ritmo lento, mas argumenta que tanto as empresas quanto os produtores estão cautelosos.

“Na verdade, todos esperam o novo relatório sobre a safra americana, que deve sair entre os dias 10 e 12 próximos, quando se espera uma melhor definição da tendência de mercado para a soja”, diz Antônio Chavaglia. Segundo ele, é natural que os agentes do mercado recuem nesses momentos de indefinição, pois o produtor espera que os preços melhorem mais ainda, enquanto as empresas compradoras temem prejuízos com uma eventual queda nas cotações.

O presidente da Comigo acrescenta, entretanto, que no mercado físico é o produtor que está segurando os negócios, visto que mesmo com a cotação de US$ 12,62 a saca, simplesmente não há oferta de soja no mercado. Ele admite que o produtor tem suas razões para agir com cautela, pois sabe que se for confirmada a quebra de safra nos Estados Unidos a saca do produto pode rapidamente ultrapassar a marca dos 13 dólares. Ele pondera, porém, que o mercado interno leva um certo tempo para se adequar a bruscas oscilações dos preços internacionais, tendo em vista que a indústria não consegue repassar em tempo real esses aumentos para o consumidor final dos derivados de soja.