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Saca de soja já vale R$ 52,00 no PR

A ascensão dos preços da soja continua surpreendendo o mercado.

Da Redação 29/10/2003 – 04h35 – Em alta desde o início de agosto, a saca da mercadoria chegou a ser comercializada por R$ 52,00 na tarde de ontem, em Ponta Grossa. Em Londrina, a commodity foi vendida por R$ 49,50 no mercado de lotes. A alta é de 50% desde o dia 5 de agosto. Apenas em outubro, a valorização da soja já acumula 13%.

As informações são de Nagib Abudi Filho, diretor da Investidor Global, em Londrina. Segundo ele, a soja continuou subindo mesmo depois da absorção, pelo mercado, do anúncio de quebra da safra norte-americana. “Os preços só vão se definir quando a colheita terminar nos Estados Unidos. O mercado está apostando em quebra maior que a anunciada”, comentou.

Até ontem, 81% da soja colhida no Paraná tinham sido comercializadas. No mesmo período do ano passado, o índice era de 91%, segundo o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). Ele também informou que 25% da área da nova safra já foram plantadas. A expectativa é que o Estado cultive 3,88 milhões de hectares (ha).

Para alivio dos agricultores, o mercado do milho também reagiu, na semana passada, após meses de queda. O produto, que chegou a ser comercializado a R$ 22,00 por saca no início da safra de verão, chegou a R$ 14,00 e, ontem, custava até R$ 16,00 no Paraná.

No porto de Paranaguá, a saca do cereal passou de R$ 16,50 para R$ 18,00. Abudi Filho aconselha os produtores a aproveitarem essa alta para vender um pouco do milho estocado. “Tem muito produto a ser comercializado no mercado físico. Quando todo mundo começar a vender, o preço volta a cair”, analisou.

A engenheira agrônoma Vera da Rocha Zardo, do Deral, confirma que os estoques estão altos. Segundo ela, 47% da safrinha e 84% da safra normal foram vendidas. “Ainda há 4,5 milhões de toneladas estocadas”, informou.

O analista Abudi Filho comentou que muitos dos seus clientes estão segurando o milho a espera de novas altas. Alguns deles, revelou, afirmam que não vendem por não saberem onde aplicar o dinheiro. Ele explicou que o produtor tem a opção de aplicar a renda no mercado finaceiro, em títulos com boa rentabilidade e total liquidez. Um exemplo é a Cédula do Produtor Rural (CPR) Finaceira.

Trata-se de um título cambial emitido pelo produtor em favor do Banco do Brasil, que endossa e avalia o negócio para depois colocar o título em leilão. A aplicação oferece rentabilidade de 17,5% a 18% ao ano, com prazo de resgate entre seis meses e um ano.

O produtor Neudi Mosconi, de Cascavel, não quis apostar nas especulações do mercado e vendeu toda a soja e milho que produziu ainda no primeiro semestre. Após receber R$ 38,00 por saca de soja e R$ 18,00 por saca de milho, ele aplicou o dinheiro no mercado financeiro, adquiriu terras e maquinário.