Redação SI 24/06/2002 – Uma das respostas à continua expansão das exportações brasileiras de carne de porco é a incorporação de novas áreas à suinocultura. Uma dessas frentes está em Alto Taquari, no sul do Mato Grosso, onde se vive um clima que não difere da maioria das cidades que compõem o cenário da nova fronteira agrícola: há sobras de desafios, cuja superação exige mentes permanentemente ativas, sem tempo para crises.É nesse contexto que os 8 mil habitantes de uma população que cresce 15% ao ano estão encarando o desafio de criar a Cooperativa Agropecuária Alto Taquari (Coaat), que reúne 30 produtores na tarefa da suinocultura, uma atividade incentivada no estado, hoje o maior produtor de soja do País.Processo de formaçãoA agropecuária é considerada a forma de viabilizar a sobrevivência de pequenos e médios produtores de grãos daquela região e a porta de entrada para o crescimento da indústria e serviços.A Coaat, que está em processo de formação e não é composta só de pequenos e médios produtores de grãos, vai iniciar com um plantel de 2.040 matrizes e 40 mil leitões, num investimento de R$ 3,2 milhões, 90% financiados a juros anuais de 8,75%, informa o prefeito, agrônomo e produtor agrícola Lairto João Sperandio.Frigorífico da AuroraSua cidade, Alto Taquari, tem 100 mil hectares de terras cultivadas, 60 mil deles produzindo 200 mil toneladas por ano, 2% da produção de soja do estado.A Coaat vai vender sua produção à Cooperativa Agropecuária São Gabriel do Oeste (Cooasgo), para que os suínos sejam abatidos no frigorífico da Coopercentral/Aurora, de São Gabriel do Oeste (MS). “A distância é de 300 quilômetros e a expectativa é de que dentro de um ano a um ano e meio a Coaat forneça 200 porcos para abate por dia. Assumimos o compromisso de comprar essa produção”, diz o veterinário responsável pela aquisição dos suínos da Cooasgo, João Rodrigues de Almeida.O acordo com os produtores de Alto Taquari, diz Almeida, é uma das frentes para atingir a meta da cooperativa de aumentar o volume de suínos fornecidos para o frigorífico nos próximos anos. “Queremos elevar a quantidade dos atuais mil suínos para 2,4 mil/dia”, afirma, demonstrando interesse em enfrentar desafios que surgem para fazer crescer a suinocultura na região.Mas o vice-presidente da Aurora, José Zeferino Pedrozo, adverte que para absorver a capacidade pretendida pela Cooasgo é necessário investir no frigorífico de São Gabriel e encontrar mercado para esse acréscimo de produção. “Isso será analisado no próximo planejamento estratégico para a região. Nós tínhamos parceria com a multinacional Carrolls Foods para fornecimento de suínos e desde que ela foi desfeita operamos com ociosidade em São Gabriel do Oeste”.
CréditoO governo federal poderá intervir no mercado de suínos criando uma linha de financiamento para estocagem de carne com um preço de referência. A proposta deve fazer do Plano Safra 2002/03, que será apreciado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 27.Os produtores querem também a venda dos estoques de milho do governo, de modo a reduzir os custos de produção, pois a demanda pelo grão está maior que a oferta. No Sul, o preço do suíno está em R$ 1,15 por quilo para um custo de R$ 1,50. O valor é 25% menor em relação a 2001.José Braun, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, diz que ao mesmo tempo em que ocorre queda nos preços, os custos têm subido.