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Avicultores apostam no sorgo

Com recursos próprios, a Aceav está financiando agricultores que se dispõem a plantar a variedade.

Redação AI 29/07/2002 – Com o dólar quebrando a barreira dos R$ 3,00, inviabilizando importações, e a complicada aquisição do milho produzido na região do Cerrado brasileiro – seja em função da insuficiência da safra ou do custo de frete – os avicultores cearenses estão apostando fichas no cultivo do sorgo granífero. Com recursos próprios, a Associação Cearense de Avicultura (Aceav) está financiando agricultores que se dispõem a plantar a variedade. `A meta é induzir ao cultivo de 30 mil hectares de sorgo no estado`, afirma José Alberto Bessa Júnior, presidente da Aceav – que reúne 35 empresas, responsáveis por uma produção, em 2001, de 75 milhões de dúzias de ovos e 147 mil toneladas de carne de frango. `Somos o segundo maior parque avícola nordestino, atrás apenas de Pernambuco`, observa.

Conforme Bessa Júnior, a meta de alcançar uma produção de 100 mil toneladas de sorgo no Estado – o equivalente a 33% da demanda anual de 300 toneladas de milho – é uma estratégia para diminuir a dependência do milho de outras regiões (Mato Grosso, Goiás, oeste da Bahia e sul do Maranhão, além da Argentina) e elevar a competitividade da avicultura cearense.

`Temos uma excelente produtividade que, ao final, é prejudicada pela aquisição do milho na região Centro-Oeste – implicando num frete rodoviário de 3,5 mil quilômetros`, pondera Bessa Júnior. `Induzir ao cultivo de milho e sorgo no Ceará, além de aumentar nossa competitividade, é também uma forma de dinamizar a produção rural e a economia do Estado`, acrescenta.

Estímulo do cultivo

Embora tecnicamente o sorgo possa substituir em 100% o milho na ração das aves, Bessa Júnior ressalta que a intenção é estimular o cultivo dos dois tipos de grãos. `O milho é também uma cultura importante, porém mais suscetível às estiagens – enquanto precisa de 800 milímetros de água para se desenvolver plenamente, o sorgo demanda 300 milímetros e ainda suporta ””veranicos”” de 20 a 30 dias, que são fatais para o milharal`, diz.

No acordo celebrado entre a Aceav e os produtores rurais, o custeio equivale a R$ 8 reais por saca (60 quilos), ao passo que o preço de mercado da mesma a quantidade de sorgo está na faixa de R$ 14. `À medida em que o produtor quita o financiamento do custeio, está livre para vender o excedente a quem pretender ou, se quiser, oferecemos opção de compra também por um preço de mercado`, afirma o gerente de Projetos da Aceav, Marcello Holanda.

Conforme Holanda, o preço do sorgo geralmente é entre 20% a 30% inferior à cotação do milho, mas a diferença é compensada – com folga – pela maior produtividade. `Na média o cultivo do milho em sequeiro, no Ceará, rende cerca de 20 sacas a cada hectare. O sorgo, por sua vez, proporciona quase 50 sacas por hectare, além da vantagem de ser pouco afetado pelas estiagens e demandar baixo custo com tratos culturais`, argumenta.

O Ceará, conforme a Aceav, produz 600 mil toneladas de milho por ano – cuja safra 2002 começa a chegar a entrar no mercado – mas apenas 100 mil toneladas chegam à avicultura. `O restante é demandado nas próprias fazendas ou direcionado para o consumo humano`, pondera o presidente Bessa Júnior. Para estimular o cultivo do sorgo, a Aceav promove na próxima sexta-feira, em Fortaleza, o Primeiro Ceará Sorgo.