Redação SI 03/09/2002 – O jornal Diário Catarinense publicou hoje (3) uma entrevista com o presidente da Associação Catarinesne de Criadores de Suínos (ACCS), Paulo Tramontini, sobre a situação da suinocultura brasileira e as reivindicações que setor está encaminhando ao Governo Federal. De acordo com o jornal, hoje (3), está sendo realizada uma reunião em Brasília entre lideranças catarinenses do setor rural e membros do governo na tentativa de encontrar soluções para amenizar a crise vivida pela suinocultura de Santa Catarina.
A comitiva terá audiências nos ministérios da Agricultura e da Fazenda, além da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O aumento dos custos de produção, capitaneado pelo milho, aliado à queda no preço do suíno, deixou os produtores no prejuízo. O presidente da ACCS espera que o governo federal consiga evitar que suinocultores especializados abandonem a atividade. Ele teme reflexos negativos na economia do Oeste, que responde por 30% da produção nacional e 85% das exportações.
Veja a entrevista publicada pelo Diário Catarinense com Paulo Tramontini:
Qual a expectativa da negociação?
Paulo Tramontini – Esperamos sensibilizar o governo para a abertura de crédito especial para que os suinocultores mantenha os plantéis e não abandonem a atividade. É a principal reivindicação.
Qual é o volume de recursos reivindicado e de que forma seria distribuído?
Tramontini – Queremos crédito de R$ 200 por fêmea em produção. Como no Estado temos cerca de 400 mil fêmeas, distruibuídas entre 20 mil suinocultores, seriam necessários R$ 80 milhões. A reivindicação é nos moldes do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 4,5% ao ano, com dois anos de carência e três anos para pagar.
Mas uma redução de plantel não é necessária para evitar o excesso de oferta?
Tramontini – A ACCS já vinha alertando os associados para evitar o aumento exagerado dos plantéis. Só no primeiro semestre aumentamos em 7% a produção de suínos, enquanto Paraná e Rio Grande do Sul aumentaram mais de 10%. A produção nacional deve atingir 2,7 milhões de toneladas para um consumo de 2,1 milhões de toneladas e exportações de 400 mil. Sobram 200 mil toneladas. Mas isso pode ser absorvido com campanhas de incentivo ao consumo. No próximo dia 12, vamos lançar uma campanha em conjunto com os supermercados.
E a falta de milho. Que medida poderia diminuir os custos de produção?
Tramontini – O governo federal insiste que não tem milho para deslocar para o Sul. Mas ele poderia acenar com a importação do produto visando suprir esse déficit e regular do mercado.
E o custo de produção?
Tamontini – Está em torno de R$ 1,45 por quilo. No início do ano pagava-se R$ 1,35 pelo quilo. Pelo milho, R$ 12 a saca. Agora, paga-se R$ 1,12 pelo quilo de suíno e R$ 18,60 pelo milho. O prejuízo é de R$ 40 por animal.
O que pedem os suinocultores em Brasília
Veja algumas reivindicações ao governo, indústria e produtores:
– Crédito em Empréstimo do Governo Federal (EGF), com juros de 3% ao ano, com prazo de carência de dois anos para pagar; – Fixação de preço mínimo para o quilo do animal; – Liberação de 300 toneladas de milho da Companhia Nacional de Abastecimento; – Ofertar crédito subsidiado para a adoção de tecnologias de prevenção do meio ambiente; – Criação da Agência Nacional da Agricultura; – Suspensão de crédito para expansão da suinocultura em todo o país, até a recuperação do mercado; – Liberação dos crédito de ICMS aos suinocultores; – Liberação de linhas de crédito para a construção de silos de armazenagem de grãos secos e úmidos, com pagamento pelo troca-troca; – Aumento do preço do suíno vivo ao custo de produção, que é de R$ 1,40 por quilo; – Manutenção do compromisso das agroindústrias com seus integrados até a quitação de financiamentos relacionados à atividade; – Não incrementar a produção até o final da crise. |