Redação AI 30/10/2002 – Os abates de suínos no Sul do País totalizaram até setembro 13,2 milhões de cabeças, 14,9% a mais do que igual período do ano passado. Estes números permitem projetar para 2002 um abate superior a 20,1 milhões de cabeças, um crescimento de no mínimo 15% sobre os abates de 2001, estima o analista de carnes do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa), Jurandi Soares Machado.
Os abates cresceram, de janeiro a setembro deste ano, 7,3%, 21,9% e 23,9% em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, respectivamente. Do total abatido até setembro, Santa Catarina deteve 49,5%, o Rio Grande do Sul 36,1% e o Paraná 27,7%. Como a produção vem crescendo mais rapidamente no Paraná e Rio Grande do Sul, a suinocultura catarinense deve continuar perdendo participação na produção regional.
Os abates em agosto e setembro sinalizaram uma leve tendência de queda. `Isto não significa que a oferta esteja com tendência de baixa. O que houve foi um aumento da comercialização de animais vivos para o Sudeste, com um leve efeito sobre os abates e os preços recebidos pelos suinocultores`, diz.
Apesar da crise de preços e de custos, a produção se mostra crescente no segundo semestre, mantendo a tendência histórica de a produção ser maior do que no primeiro semestre. Isto também é explicado pela forte presença das empresas integradoras na região, cujos produtores integrados melhor suportam a pressão sobre os custos.
Os frigoríficos brasileiros exportaram um volume recorde de 60,4 mil toneladas de carne suína em setembro e obtiveram US$ 55,8 milhões de receita, conforme a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Consumidora de Carne Suína (Abipecs). Significa alta de 107,5% em volume e 53% em faturamento comparado com setembro de 2001. Machado diz que as empresas brasileiras estão sendo favorecidas pela desvalorização do real. `O câmbio nos tornou muito mais competitivos`, diz.
Conforme a Abipecs, a boa performance se deve às compras realizadas pela Rússia, que representaram 80% do total. Em segundo lugar aparece Hong Kong com 11% e outros destinos com 5% . `Essa é a nossa vulnerabilidade. Estamos concentrados em um só mercado`, avalia Machado. A Abipecs informa que está trabalhando para acessar os mercados de China, Filipinas, África do Sul, Chile e México. A meta do setor é exportar 480 mil toneladas no ano de 2002 com receita de US$ 500 milhões. De janeiro a setembro, foram embarcadas 332,2 mil toneladas, uma alta de 74% ante o mesmo período do ano anterior. A receita, porém, subiu apenas 32%, para US$ 349 milhões, prejudicada pela forte queda dos preços da carne suína no mercado internacional.
O crescimento nos embarques está ajudando a recuperar os preços do suíno no mercado interno. O preço do quilo do suíno vivo voltou a subir em Santa Catarina, passando de R$ 1,18 para R$ 1,20, conforme o Icepa. `As exportações enxugaram o mercado e quase não há mais estoque interno`, diz Machado. Paulo Tramontini, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos de Santa Catarina (ACCS), diz, no entanto, que os preços ainda não remuneram o produto. `Com os aumentos de preço do milho e da soja, os custos de produção já chegam a R$ 1,92 por quilo vivo`, afirma.