Redação AI 11/11/2002 – A crise na produção de ovos aumentou esta semana com novo aumento no preço do milho. No Paraná, 15 das 117 granjas fecharam nos últimos dias, segundo João Carlos Danielle, assessor-técnico de produtores. A crise vem se arrastando há 8 anos ””começou em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência, e se agravou este ano””, diz.
As dificuldades aumentaram muito a partir de maio e junho. Para manter o equilíbrio da balança comercial, o governo exportou milho por preços muito baixos (R$ 9,00 a saca) e acabou com o mercado interno e com a cadeia produtiva, afirma o empresário. ””Estamos sem estoque regulador de milho, o produto foi remanejado em grandes quantidades para outros Estados””.
Segundo Danielle, os produtores estão tendo prejuízos de até R$ 500,00 por dia. Ele afirma que para tocar a atividade sem lucro, apenas empatando o custo da produção, o produto precisa conseguir comprar duas sacas de milho com uma caixa (30 dúzias) de ovos.
Com 86% dos componentes da ração (milho, soja, nutrientes) dolarizados, o produto fica muito caro, de acordo com Danielle, enquanto produtor vende sua produção em real e por um preço abaixo do custo.
Em 1994, o Paraná tinha 377 granjas e era o 2 produtor de ovos do Brasil com 8 milhões de aves. São Paulo era o 1 produtor com 24 milhões de aves. Hoje o Paraná é o sexto produtor, com 4 milhões de aves e apenas 102 granjas de postura.
””São Paulo continua sendo o 1 produtor com 24 milhões, porque os produores receberam incentivos””, afirma Danielle. ””No Paraná, as granjas que não fecharam diminuiram a produção. A maior tinha 1,5 milhão de aves e hoje tem 800 mil””, afirma Danielle.
Na sua avaliação, a única saída para o setor é o governo subsidiar matéria-prima para ração. Na quinta-feira, diretores de associações de avicultura do Paraná, Rio Grande do Sul e do Oeste Paulista reuniram-se em Guararapes (SP) para discutir o assunto.
O proprietário de granja em Nova Esperança (PR), Izário Yamamoto, afirma que os produtores estão na iminência de quebrar. Para ele, além do subsídio do governo, a solução só irá melhorar se acabar com o plantel no estado de São Paulo.
Yamamoto está no setor há mais de 30 anos e afirma que nunca viu uma crise desta proporção. Há dez anos trabalhava com 300 mil aves, nos últimos anos foi diminuindo a quantidade e só este ano diminuiu em 30%. Hoje trabalha com 150 mil aves e produz por dia entre 350 e 400 caixas de ovos, sua produção anterior era de 500 a 600 caixas/dia. ””Tenho um prejuízo de R$ 7,00 a R$ 10,00 por caixa””, afirma.