Redação SI ABR/MAI 2001 – O sistema de parceria de engorda de suínos oferecido pela Bawman Agropecuária e Comercial é um investimento que permite a qualquer pessoa tornar-se um “produtor” de suínos, sem precisar ter, e nem ao menos saber, como funciona uma granja suinícola. A empresa busca fazer um trabalho sério, com vista na obtenção de lucros por parte do investidor, através do resgate do dinheiro aplicado na produção dos animais.
E para dar bons resultados aos investidores, a Bawman vem provando que além de ser uma empresa específica do mercado financeiro também sabe gerenciar uma criação de suínos. Nessa linha, a companhia ampliou suas atividades, antes exclusivas ao escritório em São Paulo, para as tarefas do dia-a-dia da granja. Um segmento que exige conhecimento técnico, responsabilidade, seriedade e muita dedicação. Uma amostra de que a Bawman fez direitinho a lição de casa pode ser conferida na Granja Sírius, em Campinas (SP), uma de suas onze unidades (cinco próprias e seis arrendadas), em operação nos Estados de São Paulo e Paraná.
Há mais de seis meses arrendada pela Bawman, a Sírius conta hoje com 325 matrizes instaladas. A produção mensal gira em torno de 480 animais terminados, cerca de 120 por semana. Toda a produção é comercializada na própria região. A genética dos animais é aproximadamente 95% proveniente da Dalland. Mas a granja também mantém fêmeas da genética JSR e alguns reprodutores Pen Ar Lan em seu plantel. “É bom trabalhar com o rendimento reprodutivo da fêmea C40 da Dalland e com a produtividade dos animais da Pen Ar Lan”, diz Viviane Alves de Campos, zootecnista e gerente da Granja Sírius.
Instalações – Construída numa área de 7,2 alqueires, a propriedade opera em ciclo completo e abriga quatro galpões, sendo um para pré-gestação, gestação e maternidade (com cinco salas para 14 fêmeas), um para creche e dois para engorda/terminação. Na granja, também está instalada uma central de inseminação artificial própria com seis machos reprodutores.
Os alojamentos foram construídos em alvenaria e telhas de amianto. A exceção fica por conta do alojamento da gestação e da maternidade, cobertos com telhas de zinco. Uma das salas da maternidade testa um sistema de ventilação desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Trata-se de um sistema de distribuição de “ar condicionado”, por meio de tubos de PVC presos no teto da sala, diretamente nas fêmeas. “O sistema tem surtido efeito na redução do estresse calórico das fêmeas suínas que estão amamentando suas leitegadas”, revela Viviane.
A distribuição da ração na Síruis é toda manual. De acordo com a gerente, esse sistema tem suas vantagens e desvantagens. “A principal vantagem é a possibilidade de controlar individualmente a quantidade da alimentação das fêmeas em gestação”, diz. Segundo ela, cada fêmea gestante necessita receber uma quantidade de ração diferente, proporcional às necessidades de sua fase de gestação. Quanto às desvantagens, a zootecnista cita a possibilidade de um desperdício maior de ração, por não se tratar de um sistema milimétrico de distribuição. “A margem de desperdício é pequena, mas pode ocorrer em grandes índices se não for bem monitorada”.
As baias da creche são suspensas, o que facilita a limpeza e o tratamento dos animais. A pré-gestação, gestação e maternidade também contam com esse sistema, o que permite a lavagem do piso inferior às gaiolas e direcionar os dejetos, por meio de canalização subterrânea, às quatro lagoas de decantação existentes na propriedade. Os dejetos gerados na engorda/terminação, que utiliza o sistema de 40 animais por baia, também são recolhidos e tratados nas lagoas. O material orgânico tratado é encaminhado às propriedades vizinhas e utilizado como adubo para pastagem.
Comida à noite – Na Granja Sírius é praticada uma particularidade na fase de maternidade. As fêmeas são alimentadas no período noturno. “O tratador abastece o comedouro dessas fêmeas às 17 e às 20 horas”, revela Viviane. “À noite, a temperatura é mais fresca, a fêmea está mais calma e se alimenta melhor”. A gerente ressalta que esta prática resulta em um melhor aproveitamento do alimento e em melhor produção de leite.
A granja possui uma fábrica de rações própria, com produção mensal em torno de 120 toneladas. São utilizadas linhas diferentes de rações para cada fase. A ração para lactação, por exemplo, utiliza um núcleo energético em substituição ao óleo, para a fêmea comer mais. As marrãs recebem uma ração especial, com mais energia, assim como os leitões desmamados. As fêmeas desmamadas recebem flushing e ração medicada. Na gestação, as fêmeas têm sua alimentação controlada, recebendo entre 2 kg e 2,5 kg de ração até o 85 dia, e 2,8 kg do 86 até 20 dias antes do parto, quando a fêmea começa a receber a ração pré-parto.
A terminação também conta uma formulação especial e medicada. Viviane diz que adiciona à ração dos animais o Bacsol, um produto que ajuda a melhorar o aproveitamento da comida pelo organismo e a reduzir o volume e o cheiro dos dejetos produzidos. A orientação nutricional da Granja Síruis é realizada por técnicos da Nutron Alimentos.
Para a manutenção dos animais, a propriedade conta hoje com a mão-de-obra de 11 pessoas. Na maternidade trabalham somente mulheres. Segundo a gerente “elas são mais jeitosas com os animais”. A tática parece dar certo. A taxa de mortalidade nesse setor é de aproximadamente 1,2%. “É um índice baixo, que conseguimos por meio da dedicação e da atenção das tratadoras”. Os leitões, na maternidade são desmamados entre o 19 e 21 dia de idade.
Vacinas e gerenciamento – Existe uma programação rigorosa de vacinas na granja para as fêmeas suínas. Elas recebem a primeira dose contra Parvovirose e Leptospirose entre o 75 e 80 dia de idade. A segunda dose é aplicada entre o 95 e 100 dia. Após o parto as fêmeas também recebem uma dose da vacinação. Os leitões são vacinados contra mycoplasma (para evitar doenças respiratórias) e contra rinite atrófica. A granja realiza a sorologia do plantel uma vez ao ano para verificar se o programa de vacinas está sendo eficiente. Para o melhor controle sanitário a Sírius recebe mensalmente a visita de Erlete Vuaden, veterinária responsável pelo rebanho.
As informações da granja são gerenciadas pelo programa SuinSoft, desenvolvido por Suinsoft Sistemas para Suinocultura, de Minas Gerais. De acordo com Viviane o software é simples de operar e permite gerar as informações realmente necessárias para administrar a granja. “Com ele eu emito relatórios sobre coberturas, taxa de cio, índices de mortalidade, conversão alimentar e vários outros”, diz a gerente. Toda semana os dados da granja são atualizados no sistema.
Uma proposta diferente – A Bawman desenvolveu para as suas granjas um sistema de parceria de engorda que chama a atenção. Pela concepção do sistema os interessados investem em quilos de suíno, não em ações de empresas ou outros títulos de alto risco. Não que a parceria de engorda seja um investimento isento de risco. O risco existe, mas é sutil se comparado a outros tipos de aplicação financeira, como investimento em títulos das bolsas de valores.
Edélcio Garcia Teixeira, diretor de marketing da Bawman, diz que empresa paga 48% sobre os quilos dos suínos que o investidor adquire. “Nossos investidores têm um rendimento médio de 30% ao ano, podendo chegar a 101%, como aconteceu com uma parceira do Japão”, revela. “Enquanto os outros investimentos no mercado operam como especulação, a Bawman oferece investimentos em produção”, diz.
O resgate do dinheiro aplicado é feito após 12 meses e o preço do quilo do suíno é praticado de acordo com o valor do quilo do dia pela bolsa da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), no mercado de São Paulo. Hoje a Bawman conta com 1300 parceiros, sendo 220 no Japão, e um rebanho suíno de 5200 matrizes em produção.
Plano de expansão
A Bawman Agropecuária e Comercial está investindo US$ 1,5 milhão na construção de uma fábrica de rações em Taquarituba (SP), com previsão para operar até o final do ano. A fábrica irá abastecer todas as granjas da empresa, tendo a capacidade de produção de 30 toneladas/hora. Além disso, a Bawman está direcionando US$ 1,2 milhão para a aquisição de novas granjas, manutenção e melhoramento das já existentes.
Mas o grande projeto da companhia deverá ser concretizado num prazo de cinco anos. De acordo com o diretor de marketing Edélcio Teixeira, a Bawman está elaborando a criação de uma genética suína própria, em parceria com profissionais especializados no assunto. “A meta é disponibilizar o suíno Bawman em todas as nossas granjas”, adianta.
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