A maior parte dos produtores que participa dos leilões PEP (Prêmio de Escoamento do Produto) de milho não está tendo acesso aos recursos disponibilizados pelo governo federal para a comercialização da produção pelo preço mínimo. “Os recursos não chegam às mãos da maioria”, afirma o coordenador do Núcleo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), Neri Geller.
Ele tem informações de produtores de várias regiões do Estado que estão apreensivos com o encaminhamento dos leilões. “Os leilões não estão atendendo a maioria, por isso defendemos a sua descentralização”, argumenta Geller. O prêmio, segundo ele, garante a compra pelo preço mínimo (R$ 13,20), “porém, somente os grandes estão sendo contemplados. Aquele que precisa vender de cinco mil a dez mil sacas não está tendo acesso aos benefícios do PEP”. Não faz sentido, segundo Geller, realizar leilões sem contemplar a maioria.
A Aprosoja/MT defende a restrição por números máximos de CPFs para leilões de milho, proposta inclusive, já encaminhada ao governo federal. O objetivo, de acordo com o presidente da entidade, Glauber Silveira, é que a compra no leilão pela empresa seja limitada a duas mil toneladas por leilão. Dessa forma, uma empresa que tenha necessidade de adquirir 10 mil toneladas, teria de comprar cinco lotes de duas mil toneladas, beneficiando cinco produtores, por exemplo, e não apenas um produtor.
Silveira entende que essa é uma forma de garantir que o prêmio do PEP chegue às mãos de todos os produtores, pulverizando sua participação nos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “A concentração das vendas em apenas um grande produtor não é boa para o mercado e exclui a maioria”.
O coordenador do Núcleo Aprosoja/MT em Lucas, Neri Geller, informou que o último leilão (560 mil toneladas) alcançou poucos produtores. Ele afirmou que os produtores não vão aceitar a situação. “Estamos inconformados com a forma pela qual estes leilões estão sendo conduzidos. Precisamos democratizar a participação”.
Em uma entrevista concedida ao site “Notícias Agrícolas”, o Geller explicou que as empresas que participam dos leilões e que recebem o prêmio do governo federal decidem de quem vão comprar o produto. “O que as empresas têm que entender, é que não podemos aceitar que elas captem esse recurso e comprem de poucos. Queremos que isso contemple a maioria, de forma proporcional”.
Ele aponta ainda que as empresas que estão comprando o milho por R$ 11,90 ou R$ 12, abaixo do preço mínimo de R$ 13,20, também estão agindo de má fé. Segundo Geller, a função dos leilões é justamente garantir o preço mínimo ao produtor. “Os produtores podem procurar a Aprosoja/MT, pois nós vamos estar à disposição para atender os interesses do coletivo”.
Cotação- Os leilões PEP vieram para dar sustentação aos produtores, mediante o pagamento do preço mínimo. De acordo com levantamento das entidades produtoras, o milho está cotado no mercado por preços que variam de R$ 8 a R$ 9 em algumas regiões, como norte e médio norte. Esses preços, ainda segundo avaliação dos produtores, não chegam a cobrir os custos de produção.
Além do grande estoque de milho que continua aguardando remoção, os produtores estão preocupados também com a falta de armazéns para estocar a produção. “Não podemos esperar mais, o governo precisa remover e liberar os espaços nos armazéns”, afirmam.