O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, pediu ontem que os produtores goianos sejam cautelosos no momento de planejar o plantio de suas lavouras. “É hora do agricultor ter pé no chão, equilíbrio e aproveitar as oportunidades do mercado”, afirmou.
A safra 2009/2010, segundo ele, deve ser positiva no Estado, já que os agricultores esperam trabalhar com custos de produção de 10% a 15% menores do que os verificados na safra passada. Essa redução nos custos é puxada principalmente por uma queda nos valores dos fertilizantes, já que, com a crise mundial, a demanda por esse insumo caiu em outros países, explica José Mário.
A preocupação da Faeg, no entanto, está em uma possível supersafra, o que provocaria um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de produtos agrícolas, prejudicando os preços pagos aos produtores.
A estimativa dos técnicos da entidade para a soja, por exemplo, é que, na safra atual, Brasil, Estados Unidos, Argentina e Paraguai produzam 35 milhões de toneladas da oleaginosa a mais do que na safra anterior. “A questão mercadológica é soberana. Temos de produzir pensando no mercado”, destaca o presidente da Faeg.
Com o fim do vazio sanitário da soja e a antecipação do plantio do grão para o último dia 25, o agricultor terá um espaço maior para o cultivo do milho safrinha, fato que tem deixado a Gerência de Estudos Técnicos e Econômicos (Getec) da entidade em alerta.
De acordo com José Mário, a safra atual já está planejada, mas ainda há tempo para que o produtor reavalie planos para a safrinha. “Plantar milho com um custo de produção de R$ 18,00 e vender a saca por R$ 12,00, como está ocorrendo agora, é inviável”, afirma.
O estoque de passagem do milho no Brasil, segundo José Mário, deve ficar na casa de 10 milhões de toneladas, cerca de 25% do consumo nacional. “Se você tem estoques altos, tem baixa nos preços.”
Na opinião do dirigente, se houver produção excedente em Goiás, haverá problemas também no escoamento da safra, com uma possível sobrecarga nas rodovias e o encarecimento do preço dos fretes.
Clima
Além disso, embora as previsões climáticas sejam favoráveis para a safra 2009/2010 no Estado, o presidente da Faeg adverte que, se as chuvas continuarem, o excesso de calor e de umidade pode favorecer o aparecimento de doenças, como a ferrugem asiática, que atinge lavouras de soja.
A estimativa para a safra de grãos 2009/2010, apresentada ontem pela federação, ainda prevê que a área plantada de soja em Goiás aumente cerca de 100 mil hectares na comparação com o verificado em 2008/2009. Segundo José Mário, isso deve ocorrer em função de uma migração de lavouras de milho para a soja.