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PNDS

Um toque feminino na suinocultura

Lívia Machado assume a coordenação do PNDS. Em entrevista, ela fala dos desafios que vai enfrentar, entre outros assuntos.

Um toque feminino na suinocultura

Comitê Executivo do PNDS reunido na AbravesO comitê executivo do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) se reuniu na última quarta-feira (28/10) durante o 14º Congresso da Abraves, realizado em Uberlândia (MG). Entre as primeiras decisões, foi oficializado o nome de Lívia Machado como coordenadora do PNDS. O projeto é uma parceria entre a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), o Sebrae e a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Com orçamento estimado em R$ 9 milhões, ele pretende aumentar em dois quilos o consumo per capita da carne suína entre os brasileiros.

Lívia será responsável por coordenar as ações do PNDS pelos próximos três anos. Formada em Gestão de Empresas, ela é gerente de Marketing da Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (Assuvap) e da Cooperativa dos Suinocultores de Ponte Nova e Região (Coosuiponte), cargo que deixará ao final deste ano após cinco anos de atuação. Neste período, dividirá suas atenções entre as entidades sediadas em sua terra natal, Ponte Nova (MG), e as ações iniciais do projeto.

Nesta entrevista exclusiva, Lívia fala dos desafios que vai enfrentar, como será seu trabalho e qual o impacto do PNDS no mercado brasileiro de carne suína.

Suinocultura Industrial – Qual sua expectativa em relação ao trabalho de coordenação do PNDS?
Lívia Machado – O PNDS é uma parceria da ABCS com o Sebrae e com a CNA. O objetivo é que juntos – produtores, fornecedores, enfim, toda a cadeia produtiva – consigamos trabalhar todas as ações propostas.
Estas ações vão ser trabalhadas em três linhas: produção, indústria e comercialização. Então, a expectativa é que se consiga trabalhar estas três linhas e que a cada ano possamos estar vencendo as etapas propostas, atingindo o objetivo final, que é aumentar em dois quilos o consumo per capita da carne suína no Brasil em três anos.

SI – Quais serão suas funções básicas como coordenadora?
Lívia – Vamos trabalhar em conjunto com os comitês. Na verdade são dois comitês, o gestor e o executivo. Fui nomeada hoje pelo comitê executivo do projeto, que é a quem nos reportaremos de forma direta.
Agora, o projeto já está aprovado pelo Sebrae e todas as ações já estão direcionadas. São sete Estados participantes e aí entra meu papel específico, que é trabalhar muito nas articulações, compreender as ações e o que precisa ser feito em cada Estado. É um trabalho conjunto do comitê gestor, mas minha função é gerenciar o relacionamento entre os envolvidos e a execução das ações, assim como prestação de contas. Tudo isto é parte do trabalho que estarei realizando.

SI – Quais os próximos passos do projeto?
Lívia – Na quarta-feira que vem vamos nos reunir e colocar algumas diretrizes do projeto, limitar alguns prazos e determinar algumas estratégias iniciais com as quais vamos trabalhar. Esta, uma reunião do comitê gestor, o comitê de trabalho. Também devemos nos reunir com os membros do comitê executivo, formado por um membro do CNA, da ABCS e do Sebrae, ainda na próxima semana. Queremos traçar um plano de trabalho e programarmos ainda para novembro a visita aos sete Estados, conversando também com o Sebrae para daí apresentarmos um planejamento de trabalho mais efetivo.

SI – O comitê gestor é formado por quem?
Lívia – A partir da reunião da semana que vem estruturaremos até uma base maior na questão operacional, mas a princípio o grupo de trabalho proposto é formado pelo Fabiano Coser [diretor-executivo da ABCS], que vai ajudar diretamente no projeto, pelo Fernando Barros, que é o responsável pela parte de marketing, e eu, que estarei na coordenação do projeto.

SI – O consumo per capita da carne suína está estável há alguns anos.
O PNDS pretende aumentar em dois quilos este consumo. Não é uma meta ousada?
Lívia – Já se fala no PNDS há muito tempo. Eu acho que pelo prazo que ele vem sendo discutido para efetivamente tomar forma, ele foi bem embasado. É um trabalho com diversas ações em que os envolvidos precisam realmente se articular, tanto produtor quanto indústria e setor de comercialização. Então é um grande desafio, mas entendo que este desafio, se vencido, irá beneficiar toda a cadeia produtiva. Se cada um fizer sua parte, eu acredito que será mais fácil trabalharmos.
É um desafio ousado, mas com certeza é possível de ser realizado.

SI – Como tem sido o retorno dado pelas empresas ou outros envolvidos na cadeia produtiva de suínos?
Lívia – Ainda está no início do trabalho, mas temos deixado claro que o aumento destes dois quilos representa 200 mil matrizes, que é hoje praticamente o plantel de Minas Gerais, o quarto maior produtor brasileiro. Então, acredito que está claro para todas as partes que a conclusão deste projeto vai beneficiar toda a cadeia produtiva, com geração de emprego, demanda por produtos e insumos, por exemplo. Da parte das empresas, muitas já renovaram com a ABCS na questão do selo Empresa Amiga. Então, apesar de estar no início, o que temos visto é muita receptividade; pessoas perguntando, querendo saber. Precisamos fazer um bom trabalho, bem coordenado e executado, e apresentando resultados. Não tem como as pessoas com visão de futuro ficarem de fora. É importante deixar uma coisa bem clara. Aqueles que fazem sempre a mesma coisa terão sempre os mesmos resultados. Tanto os fornecedores quanto os produtores precisam entender que se não se abrir novos mercados para vender a carne ou se não aumentar o consumo, para onde vamos? Vamos estagnar? Então é realmente uma cadeia e todos com visão de futuro – e que quiserem fazer coisas diferentes – vão colher os resultados positivos deste projeto.

SI – Para finalizar, como você espera que vai estar a suinocultura daqui a três anos, ao fim do projeto?
Lívia – Pelo menos estarmos consumindo 15 kg per capita de carne suína, que é o objetivo principal. Espero que daqui a três anos todos estejamos ganhando juntos, que tenhamos de fato aumentado o consumo interno, que a indústria tenha aberta a visão para atender ao mercado com novos cortes, adequados ao consumidor moderno, e que o produtor esteja adequado dentro das Boas Práticas de Fabricação, com origem e certificação de seu produto; com a comercialização no varejo sendo feita de forma mais profissional. É realmente o que espero que consigamos, todos juntos.