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Mercado Interno

Peru se adapta à ceia mais enxuta

Aves de 10 quilos dão lugar às de 6 ou 7 quilos para atender à demanda das famílias menores. Tamanho também interfere no preço final.

Peru se adapta à ceia mais enxuta

De que adianta ser grande se vai além da necessidade do cliente? Por isso, o tamanho do peru ficou proporcional à festa que se oferece. A ave mais tradicional do Natal, apesar de não ser a mais vendida, está disponível ao consumidor em tamanhos menores, uma adaptação à realidade das famílias brasileiras, cada vez mais enxutas.

Trata-se de uma adequação à necessidade do consumidor, avalia o presidente da Associação Catarinense dos Avicultores, Clever Pirola Ávila, e não de um ajuste da produção.

Quem pensou em mudanças genéticas, está enganado. Para oferecer um peru em tamanho menor, são escolhidas as fêmeas em vez dos machos. Eles pesam em torno de 10 quilos, em média, enquanto as fêmeas ficam entre 6 e 7 quilos. “Há um apelo do mercado por aves de médio porte. Hoje, uma ave grande dá para cinco pessoas e as famílias estão cada vez menores. Mas serão oferecidos os dois tamanhos”, observa Ávila.

Não há sobra na produção dos machos, porque eles geralmente são exportados para mais de 50 países. O peru vai para o exterior industrializado e desossado. O peito é classificado como carne branca e a coxa, sobrecoxa e as asas são as carnes escuras. Estes produtos abastecem linhas light.

Ao contrário dos perus enormes da ceia de ação de graças americana, no Brasil, os produtos mais vendidos nesta época do ano são os frangos modificados geneticamente para ter peitos e coxas maiores – chamados de Chester, Classy ou Fiesta, conforme a marca -, que pesam entre 4 a 5 quilos.

O comprador da categoria de perecíveis da rede de supermercados Giassi, Luciano Zanolli, justifica a preferência do consumidor pelo preço mais acessível e o sabor do frango, ao qual o brasileiro está mais acostumado.

O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Adriano Manoel dos Santos, explica que as carnes são excelentes indutoras de consumo, ou seja, atraem o consumidor para o supermercado, que acaba levando mais itens, como farofa, frutas e outras coisas para a casa. “Com bons preços, as carnes acabam influindo para uma compra mais incrementada”, afirma.

A expectativa de crescimento de vendas de carnes natalinas em relação ao ano passado é de 10% e um dos aspectos a favor dessa alta é efeito do ganho de renda das classes C, D e E.

O tamanho do peru também interfere no preço final. “O preço é por quilo e não por peça. Não adianta ter uma ave de 10 quilos para uma família de quatro pessoas porque vai sobrar, é um excedente que ninguém vai comer. É uma característica de consumo do mercado, com mais gente morando sozinha ou com famílias menores”.