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Outras Aves

Peru no Centro-Oeste

Em busca de milho barato, produção da ave sobe o mapa brasileiro. Após pico do ano passado, Paraná reduz abate.

Peru no Centro-Oeste

A farta produção de soja e milho do Centro-Oeste brasileiro está atraindo granjas avícolas para a região. Em busca de milho barato, empresas do setor estudam abandonar a produção de perus nos Campos Gerais do Paraná e migrar para estados como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Produtores ouvidos pela Gazeta do Povo relatam que a Brasil Foods planeja o fechamento da unidade industrial de Carambeí, responsável por cerca da metade da produção de peru da empresa no Paraná. O motivo é mercadológico: enquanto o preço da saca de 60 quilos de milho em Mato Grosso está em torno de R$ 9, no Paraná o valor chega a R$ 19.

Entre os avicultores, o clima é de apreensão. A transferência da produção do Paraná para o Centro-Oeste, se confirmada, afetará principalmente a região de Castro e Piraí do Sul, um grande polo produtor de aves. Os criadores teriam que se adequar novamente a outra ave, o frango, depois de adaptarem-se ao peru , no início da década.

Na chegada aos Campos Gerais, em 2003, os perus geraram alvoroço no Paraná. Empresas ofereceram aos produtores treinamento, equipamento e assistência técnica para fomentar a produção. “Só que, desta vez, a mudança pode ser imposta goela abaixo. Queremos confirmar se os boatos de que a produção vai migrar para o Mato Grosso são verdadeiros “, afirma o secretário de Agricultura e Pecuária de Piraí do Sul, Fernando Tonon.

Caso a mudança se confirme, restará aos produtores paranaenses se adequar novamente à produção de frangos. “Os produtores vão precisar aumentar as granjas”, considera o produtor de perus e porcos Guilherme Jonker, de Piraí do Sul.

“O frango dá mais trabalho. Se for para pagar de novo para trocar os equipamentos e aumentar a granja, eu até prefiro parar. Fiquei cinco anos pagando”, conta a avicultora Josélia Domingues de Matos. Segundo ela, os animais atualmente em sua granja fazem parte da última remessa engordada na região.

Exportação

Com o fim da criação nos Campos Gerais, a exportação paranaense pode ficar compromentida. Até outubro, o estado enviou ao exterior 50,6 mil toneladas de carne de peru , que geraram receita de U$ 116,8 milhões. O resultado representa queda de 10% ante o mesmo período de 2008, quando a comercialização de 63,8 mil toneladas rendeu US$ 186,6 milhões. Juntas, Sadia e Perdigão produziram no ano passado 15,9 milhões de cabeças de peru no Paraná.

Mato Grosso experimenta expansão avícola

Nos últimos anos, no mar matogrossense de soja e milho, começaram a surgir inúmeras ilhas para criação de aves, especialmente de frango. Agora, o peru também começa a ganhar espaço. As unidades produtoras de aves e suínos da Sadia nos municípios de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, por exemlo, devem iniciar em breve o abate de perus, conta o superintendente do Instituto Matogros-sense de Economia Agropecuária (Imea), Seneri Paludo. “O Mato Grosso está passando pelo seu segundo ciclo econômico, algo que já aconteceu no Paraná. É a transformação da proteína vegetal em proteína animal, que vem ocorrendo mais fortemente de dois a três anos para cá”, observa.

O aumento do consumo interno de milho em Mato Grosso é prova do crescimento da avicultura no estado. “A taxa de crescimento é muito grande. Há três anos, o consumo estadual de milho era de 800 mil toneladas. Há dois anos, pulou para 1,8 milhão de toneladas. Neste ano, o consumo já está próximo de 2 milhões de toneladas”, contabiliza Paludo.

Em Lucas do Rio Verde, o incremento na produção avícola deve injetar R$ 300 milhões na economia em 2010, o equivalente a 30% da arrecadação do município. Após a instalação do complexo industrial da Sadia, a cidade passou a abater 30 mil aves por dia em 2007. Atualmente são 200 mil, número que deverá chegar a 500 mil no próximo ano. “É uma escala planejada e gradativa que está mexendo com a economia do estado. Sempre fomos muito competentes em produzir, mas não estávamos industrializando”, analisa o chefe de Gabinete da prefeitura, Edu Pascoski. Atualmente estão integrados ao processo cerca de 150 produtores.