O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, enviou carta ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, questionando o financiamento a grandes grupos do setor de carnes. No documento, ele afirma que a estratégia de criar megacorporações para competir no mercado internacional “vem penalizando duramente os pequenos e médios frigoríficos espalhados pelos quatro cantos do nosso País”.
Salazar sugere reunião para tratar do assunto e diz que, se o País tornou-se o maior exportador de carne bovina “graças à política do banco”, o processo da concentração “motivou uma preocupante transformação da nossa cadeia produtiva”. Segundo ele, “inúmeros foram os frigoríficos de porte médio adquiridos ou mesmo arrendados que não puderam resistir à força avassaladora de gigantes criados sob a proteção oficial”.
A Abrafrigo não divulga os prejuízos dos associados, mas fala em “aniquilamento da nossa estrutura industrial” e cita como exemplo do problema os frigoríficos Margen, Arantes, Independência, Estrela e Bertin. “Foram vítimas dos seus próprios erros, mas também por razões externas, e dentre elas, inequivocamente, a concentração possibilitada com recursos oficiais”, escreve. E acrescenta: “os pecuaristas em muitas regiões estão sem saída, não têm para quem vender, a não ser para alguns que foram beneficiados com recursos do banco”.