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Comércio Exterior

Em missão aos Emirados Árabes, Embrapa consolida parcerias com empresas privadas e abre novas frentes

Durante entrevista a jornalistas internacionais e brasileiros, Moretti afirmou que Embrapa segue sendo uma empresa do Estado brasileiro

Em missão aos Emirados Árabes, Embrapa consolida parcerias com empresas privadas e abre novas frentes

Em missão oficial aos Emirados Árabes Unidos, com destaque para a cidade-emirado Dubai e a capital Abu Dhabi, o presidente da Embrapa Celso Moretti vem realizando um conjunto de reuniões técnicas com empresas do setor privado com o objetivo de compartilhar conhecimentos e abrir novas frentes que permitam, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura mundial e a geração de recursos que possam ser investidos na pesquisa agropecuária brasileira.

“As parcerias são importantes, pois geram novos conhecimentos e recursos para a Embrapa, mas seguimos sendo uma empresa pública responsável por importantes ativos”, afirmou o presidente durante entrevistas concedidas aos jornalistas locais e brasileiros presentes à Gulfood 2022.

Moretti falou a diversos canais de televisão, nos dias 13 e 14 de fevereiro, na maior feira do setor de alimentos e bebidas do Oriente Médio. Ele explicou que a Embrapa seguirá sendo pública, fazendo a gestão de seus ativos como o Banco Genético, considerado o maior da América Latina e avaliado pelo presidente como assunto de defesa nacional. “A Empresa também seguirá cumprindo o seu papel social em gerar e entregar soluções para pequenos e médios produtores, em todo o território nacional”, complementou.

Por outro lado, Moretti destacou a necessidade de abrir caminhos para novas parcerias com empresas privadas internacionais, por exemplo, em países do Oriente Médio, em uma abordagem “ganha-ganha”. São iniciativas capazes de gerar conhecimentos para as empresas e os governos dos Emirados Árabes ao mesmo tempo em que obtenham ganhos que possam ser investidos no desenvolvimento de pesquisas e geração de tecnologias para a agricultura brasileira.

Parcerias no Oriente Médio

Ele lembrou que, há quatro anos, a Embrapa vem desenvolvendo trabalhos de parcerias com instituições dos Emirados Árabes, com um relacionamento forte com o Centro Internacional de Agricultura Biossalina (ICBA), empresa árabe que há mais de 10 anos se dedica a desenvolver tecnologias para ambientes com água de alta concentração de sais.

“No Semiárido brasileiro, há espécies de plantas forrageiras tolerantes à água salgada. Elas são parte do interesse do ICBA, no acordo firmado com a Embrapa. Já os brasileiros visam conhecer os materiais genéticos dos árabes e as tecnologias já desenvolvidas por eles”, explicou, lembrando que tanto em regiões dos Emirados Árabes quanto em regiões do Semiárido brasileiro há ambientes caracterizados por alta concentração de sais na água.

“As salicórnias, espécie de vegetação com amplo desenvolvimento em áreas salinas associadas às linhas costeiras, várzeas de maré e lagos salgados, podem ser introduzidas na alimentação animal e na agropecuária dos Emirados”, exemplificou.

Moretti também lembrou que a Embrapa e a Abu Dhabi Agriculture & Food Safety Authority (ADAFSA) assinaram, em novembro de 2021, um Memorando de Entendimento que representa iniciativas de cooperação científica entre as duas instituições, em pelo menos cinco temas de trabalho para a execução de projetos bilaterais: cultivo de hortaliças, produção de mandioca e frutas, prospecção genética, fruteiras e melhoramento genético de forrageiras.

Durante a missão aos Emirados, a Embrapa iniciou diálogo visando possibilidades de construção de um Memorando de Entendimento junto a G42, empresa privada de inteligência artificial com sede em Abu Dhabi, para o desenvolvimento de uma árvore genômica para animais, vegetais, plantas e micro-organismos.

Para o gestor da Embrapa, o Brasil tem grandes oportunidades de estar mais presente no sudeste asiático, além do fornecimento de proteína animal que já se dá por meio das exportações de carnes. Há, segundo o presidente, outras oportunidades, considerando que, em 2030, 50% da classe média vai estar na Ásia. “O Brasil precisa estar presente, numa relação ganha- ganha, visando também a captação de recursos para ajudar o produtor rural brasileiro”, complementou.

Embrapa continua sendo uma empresa pública

“Esta semana divulgamos que a Embrapa por intermédio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) poderá ter participação no capital minoritário de empresas privadas. É importante ressaltar, entretanto, que não deixaremos de ser uma empresa pública, pertencente ao Estado brasileiro. A Embrapa possui ativos, como seu banco genético, que são uma questão de segurança nacional. O que estamos fazendo é abrir frentes para captar mais valor e permitir que as tecnologias cheguem mais rápido na ponta”, disse.

O presidente lembrou que desde o início de seu mandato vem enfatizando a importância de que a Embrapa permaneça como empresa pública, como fica claro, segundo ele, na entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense em janeiro de 2020.

Aposta em três grandes pilares da pesquisa agropecuária

O presidente da Embrapa disse que para os próximos anos a Empresa aposta em três pilares: sustentabilidade, bioeconomia e edição genômica. “Não existe nenhuma cadeia de negócio no mundo que deixará de ser afetada pela necessidade de descarbonização. E o Brasil e a Embrapa já são referências mundiais para muitos países com o Plano ABC de Agricultura de Baixo Carbono. Já saímos do discurso e partimos para ação, estamos bem mais avançados do que muitos países da Europa e da América do Norte”.

Com relação ao segundo pilar, ou seja, a bioeconomia, destacou a recente descoberta do Biomaphos pela Embrapa e o desenvolvimento, em parceria com o setor privado, de bioinsumos, biopesticidas e biofungicidas. Já com relação à Edição Genômica, considera um grande salto da ciência o lançamento da Cana Flex I e Cana Flex II.

Como desafios, acredita ser necessário avançar no mercado de carbono para aproveitamento de oportunidades. “Em 2020, lançamos a Carne Carbono Neutro e estamos desenvolvimento protocolos para leite, soja, algodão, couro e café de baixo carbono. Agora precisamos pensar na cadeia produtiva como um todo aproveitando os 240 bilhões de dólares disponíveis no mercado de compensação de carbono”, finalizou.

Dentro da programação da missão aos Emirados Árabes, ainda no dia 13, o representante da Embrapa esteve presente na inauguração do escritório da CNA em Dubai. As atividades integram a missão técnica do presidente, iniciada no dia 6 de fevereiro em Londres e que será finalizada na próxima semana, com programações previstas em Dubai e termina em Abu Dhabi.