Os suinocultores integrados da Doux-Frangosul, que desde junho estão sem receber pelos lotes de animais entregues à empresa, podem ter o pagamento regularizado até o início de outubro. “A única sinalização que tivemos foi do diretor-geral da Doux, Aristides Vogt, que me disse, no dia 13 de setembro, que em 20 dias estaria tudo em ordem”, assegurou o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador. A suspensão dos pagamentos se iniciou há mais de um ano, quando a empresa apontou a crise como motivo para os atrasos. Depois da retomada dos pagamentos, em 2009, os atrasos recomeçaram.
Em nota, a Doux-Frangosul informou que “está em negociações com seus produtores integrados a fim de buscar uma solução que atenda aos interesses e aos direitos de todos. A companhia trabalha para chegar a uma solução no menor prazo possível e se manifestará assim que tiver novidades sobre a questão”. Segundo Folador, a empresa não explica o porquê dos atrasos, apenas “desconversa, esconde.” O dirigente acha estranho que os únicos prejudicados sejam os criadores, uma vez que técnicos e diretores da Doux continuam recebendo regularmente.
Ao realizar um levantamento entre os produtores prejudicados – mais de 500 em todo o Estado – a associação identificou casos em que o suinocultor entregou três lotes de suínos para a empresa, mas está há três meses sem receber pelo produto. Trata-se de um atraso que totaliza R$ 220 mil. “Esse produtor foi obrigado a suspender o pagamento de 16 funcionários de sua granja. Além disto, está com dívidas superiores a R$ 110 mil com os bancos”, disse Folador.
Em outra região do Estado, no Vale do Taquari, produtores acusam atrasos, totalizando dívidas em torno de R$ 40 mil cada, além de falta na entrega de medicamentos. Um produtor, inclusive, diz que em novembro precisa pagar mais de R$ 40 mil em renegociação de dívidas e financiamentos.
Outro suinocultor, também proprietário de uma granja na Serra gaúcha, está há quatro meses sem receber da empresa. “O último lote que recebi algum valor foi o que entreguei em maio. Depois disso, não recebi mais. Estou literalmente com a corda no pescoço, trabalhando apenas no cheque especial. Perguntei para um técnico veterinário o porquê destes atrasos e ele também não sabe. Uma vez até falavam para eles e, agora, nem isso fazem. Nós precisamos ter uma posição da empresa sobre isso”, afirmou o produtor.