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Dispara valor de mercado de frigoríficos

Sadia, Perdigão, Seara e Avipal valem juntas, atualmente, 174% mais que em 31 de dezembro de 2002.

O valor de mercado dos frigoríficos com ações na Bovespa disparou em 2003 e a gripe das aves na Ásia – e agora nos Estados Unidos – reforçou os ganhos entre janeiro e o último dia 20. A Sadia, maior exportador de frango do país, tinha em 31 de dezembro de 2002 um valor de mercado de R$ 877,5 milhões. Terminou o último dia 20 valendo R$ 2,867 bilhões, um aumento de 226,8% no período. Para a Perdigão, o ganho foi de 146,3%, e o valor de mercado atingiu R$ 1,337 bilhão, segundo cálculos do Valor Data. O valor de mercado da Seara subiu 102,7%, e chegou a R$ 505,9 milhões em 20 de fevereiro deste ano. No caso da Avipal, o ganho foi de 81,8%, para R$ 258,7 milhões.

 

“O mercado está reconhecendo o valor dessas empresas”, avalia Basílio Ramalho, analista do Unibanco. Ele explica que a perspectiva favorável para as exportações brasileiras de frango este ano em decorrência da gripe aviária, ou influenza, em países fornecedores se reflete nos preços das ações dos frigoríficos.

 

Para Júlio Cardoso, presidente da Abef (associação que reúne exportadores de frango), os frigoríficos passaram a valer mais porque “o Brasil é hoje o único grande fornecedor que não tem doenças”. Tailândia e Estados Unidos, dois grandes players no mercado mundial de carne de frango, sofrem embargos de vários países em decorrência do surgimento de focos da enfermidade este ano.

 

Ontem a Ucrânia se juntou à Rússia e proibiu as importações de frango do Estado americano do Texas em função da influenza. União Européia e México proibiram as compras em todo o país.

 

Apesar da situação sanitária favorável, Júlio Cardoso reitera que o Brasil precisa estar preparado para se prevenir contra a influenza, já que não existe risco zero.

 

O executivo, que também preside a Seara, acrescenta que, em parte, as ações dos frigoríficos se valorizaram em 2003 por motivos semelhantes aos que promoveram os ganhos no início deste ano. Ele lembra que durante parte de 2003, Holanda e China saíram do mercado depois da descoberta de casos da gripe aviária. Como a Holanda vende para outros países da Europa e a China ao Japão, o Brasil ganhou espaço nesses mercados. O desaquecimento das vendas no front doméstico em 2003 também também fez os exportadores saírem em busca de novos mercados. Segundo Cardoso, no ano passado o Brasil ampliou o número de clientes de 97 para 122 países.

 

Para Ramalho, o aumento das vendas no mercado internacional permitiu a recuperação da rentabilidade das empresas em 2003, estimulando os investimentos nesse setor. Gustavo Hungria, do Pactual, acrescenta que as ações das empresas se valorizaram também acompanhando a Bovespa em 2003.

 

Na visão dos analistas, as perspectivas favoráveis para este ano – estima-se um crescimento de 10% nas vendas externas de frango – indicam que o valor de mercado das empresas deve crescer ainda mais. Só entre janeiro e o dia 20 de fevereiro, a Avipal se valorizou 24,97%, Perdigão, 21,65%, Sadia, 5,5%, e Seara, 19,36%. No mesmo período, o Ibovespa recuou 4,05%.

 

Esses ganhos se sustentam na conclusão de que o Brasil está “se tornando o grande competidor do mercado internacional”, como diz Ramalho, do Unibanco. Para ele, o quadro indica potencial de crescimento para este e também para os próximos anos. Cardoso, da Abef, é otimista, mas cauteloso. Ele avalia que o Brasil é hoje um “fornecedor alternativo” para mercados que proibiram compras na Ásia e Estados Unidos. “Podemos ganhar espaço no longo prazo”, admite.

 

De qualquer forma, os exportadores brasileiros de frango já sentem um aquecimento da demanda por seu produto e a valorização dos preços no mercado internacional, lembra Hungria, do Pactual. Preços mais altos podem gerar maior rentabilidade e melhora nas margens.

 

No caso da Avipal, a crise da Parmalat também eleva a perspectiva de valorização, observa Luiz Alberto Binz, da Geração. É que a Avipal controla o laticínio Elegê, que está ganhando mercado com a derrocada da Parmalat.

 

As perspectivas favoráveis para o setor de frigoríficos também atraem novos investidores e aumentam a liquidez das empresas na bolsa. Segundo o Valor Data, a Avipal negociou, em média, sete ações por dia em 2003. Foram 52 por dia até 20 de fevereiro. A Perdigão passou de 68 para 218 por dia, Sadia, de 111 para 203 e Seara, de seis para 33.