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Conjuntura

Campo debate saídas para cenário adverso.

Da Redação 30/08/2004 – Preocupados com os reflexos da combinação entre a queda das cotações de commodities agrícolas como soja e algodão no exterior, e a alta de insumos como defensivos e fertilizantes, governo e iniciativa privada buscam fórmulas para garantir o crescimento sustentável do agronegócio brasileiro. Embalado pela crescente capitalização observada entre os ciclos 2001/02 e 2003/04, mas já com margens menores na temporada 2003/04, em fase final de comercialização, o setor ajudou a puxar a economia do país nos últimos anos.

Para especialistas, um dos pontos fracos do agronegócio no país ainda é a falta de planejamento. Também a profissionalização, em alguns casos, deixa a desejar. E para Marco Antonio Fujihara, diretor da Price Waterhouse Coopers, essa pretendida sustentabilidade também deve passar por investimentos nas áreas social e ambiental.

“O setor investiu em tecnologia e profissionalização, mas isso não garante o aumento da renda no longo prazo, mesmo com aumento da produção”, disse Fujihara, que participou na sexta-feira de um encontro promovido pelo Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial da Universidade de São Paulo (Pensa/USP).

Segundo ele, fatores sociais e ambientais terão cada vez mais peso nas negociações internacionais, já que as barreiras tarifárias tendem a recuar, cedendo espaço às fitossanitárias e socioambientais. “O Brasil precisa investir nessas áreas para agregar valor aos produtos”. Segundo o consultor, o valor bruto da produção agrícola nacional cresceu 35% desde 2002, para R$ 183,6 bilhões este ano, mas o avanço se restringiu às commodities.

Fabio Silveira, diretor da MS Consult, diz que a receita agrícola (“da porteira para dentro”) deve cair em 2005 , por conta da queda das cotações das commodities e do aumento da oferta mundial. “Em 2004, a produção atingiu o auge de um ciclo de crescimento iniciado com a desaceleração cambial de 1999. O próximo ano será de acomodação e os seguintes, de retração”, diz.

Para 2005, Silveira estima redução da receita agrícola brasileira de 1,3%, para R$ 118,1 bilhões. Nesse cenário, os principais responsáveis pela queda serão soja e café. Para a soja, Silveira prevê queda de 25% do preço médio, o que provocará redução da receita em 13,5%, para R$ 35,3 bilhões. Para o café, Silveira estima redução dos preços médios em 5% e safra menor, com uma decorrente baixa de 22% na renda, para R$ 5,69 bilhões. Para o milho, também há previsão de preços menores e produção doméstica maior, resultando em receita 12% menor (R$ 14,4 bilhões).

Já a receita com algodão deve aumentar 11%, para R$ 3,09 bilhões. A da cana também deve crescer 11%, para R$ 13,5 bilhões. Também há previsão de alta para arroz (7%), feijão (15%), trigo (13%), fumo (8%) e laranja (8%).