Da Redação 29/10/2004 – Os produtores brasileiros devem enfrentar três grandes desafios na safra 2004/2005, que começa a ser semeada em outubro: a ocorrência de ferrugem asiática da soja, o aumento nos custos de produção e a queda nos preços internacionais desta oleaginosa, devido à superprodução americana. Por isso, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), alertam os produtores a dar atenção especial ao uso racional de insumos em todas as operações do plantio à colheita para obter lucro ou evitar prejuízo na exploração da soja.
O pesquisador Antonio Garcia, da Embrapa Soja, orienta os produtores a deixar as máquinas reguladas para iniciar a semeadura da soja, na primeira chuva. As primeiras semeaduras devem ser menos prejudicadas pela ferrugem, já que a presença do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem, será menor no início da safra. “Ao semear a soja mais cedo, os produtores também podem controlar melhor os percevejos, que têm sua população aumentada, no período de formação e no enchimento de grão”, diz ele.
Em relação à ferrugem asiática, a principal recomendação dos pesquisadores é pelo monitoramento constante da lavoura. Com a expectativa de preços para a comercialização abaixo de R$ 30,00/saca, o cuidado com pulverizações contra a ferrugem deve ser redobrado. Além disso, os custos de produção aumentaram, em média, 20% em relação à safra anterior.
Cada aplicação de fungicida para combater a ferrugem deve aumentar os custos de produção em US$ 0,80 a US$ 1,00 por saca de 60kg, dependendo da região, do produto, do equipamento, da topografia e outras variáveis. “Dessa forma o monitoramento constante da lavoura poderá ser a diferença entre sucesso ou fracasso no empreendimento”, diz pesquisador Antonio Carlos Roessing.
Em Sorriso, no Mato Grosso, por exemplo, a quantidade de fertilizantes para produzir 56 sacas/ha deveria ser de 336kg/ha da fórmula mais utilizada na região. No entanto, a quantidade média de fertilizantes por hectare utilizada na região de Sorriso é de 530kg/ha. “Isso significa 194kg/ha a mais do que seria necessário, o que representa um acréscimo de R$ 127,45/ha no custo de produção, ou US$ 0,33 a mais por saca”, afirma Roessing.
Orientação técnica
A orientação da Embrapa Soja é para que o produtor tente racionalizar ao máximo o uso dos recursos produtivos para reduzir os custos de produção. “Não se deve deixar de usar insumos, por exemplo, mas aplicá-los com planejamento. Isso colabora para manter o controle dos custos variáveis e, com base neles, é possível determinar a produção mínima para que não haja prejuízos”, orienta o pesquisador Gedi Sfredo, da Embrapa Soja.
Para auxiliar na adubação racional, a Embrapa Soja lançou o Nutrifert, um CD-ROM que facilita a utilização das tabelas de adubação, existentes nas recomendações técnicas da pesquisa para a assistência técnica. As planilhas indicam uma recomendação mais precisa, quando se pensa doses balanceadas.
Preços
Na safra 2003/2004, a oferta mundial de soja foi de 190 milhões de toneladas para uma demanda de 208 milhões de toneladas. Esse fato contribuiu para que os preços atingissem valores superiores a média histórica.
Para o ano de 2005, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) está publicando uma estimativa de 229 milhões de toneladas de soja. “Caso seja confirmado esse volume, deve-se esperar preços dentro da média histórica, ou seja entre US$ 10 e US$ 12 por saca”, diz Roessing. “O retorno econômico será garantido com aumento de produtividade e/ou racionalização no emprego de insumos, uma vez que não é possível precisar como se comportará o preço da soja”, avalia Roessing.