Redação AI (17/01/06) – O Brasil entrou em estado de alerta máximo contra o vírus da gripe das aves. Depois de a moléstia avançar pela Europa e de dar sinais de ter chegado na semana passada a Trinidad e Tobago, no Caribe, o temor é de que seja apenas uma questão de tempo para que desembarque na América do Sul. A doença já matou 10 milhões de aves e 88 pessoas.
Como o Brasil é o maior exportador de frango do mundo, com 370 milhões de cabeças abatidas por mês, as autoridades estão em contagem regressiva e tratam de se mobilizar. O governo federal anunciou uma série de providências nos últimos dias e prometeu R$ 100 milhões para a prevenção. A primeira medida: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou a compra de cinco aparelhos de raio X para detectar o eventual transporte de matéria orgânica nas bagagens dos passageiros de vôos internacionais.
Três aparelhos de raio X serão instalados em Guarulhos (SP) e dois no Galeão (RJ), que respondem por 88% do trânsito internacional de passageiros. A coordenadora-geral substituta da Vigilância Agropecuária Internacional do ministério, Rogéria Oliveira Conceição, avisa: para evitar riscos, qualquer matéria orgânica detectada será apreendida.
As perspectivas não são animadoras. Detectado em aves pela primeira vez em 1925, o vírus H5N1 apareceu em humanos em 1997, em Hong Kong. Os sintomas eram os de uma gripe comum. Nos últimos meses, já foi detectado em aves em três países europeus, onde as condições sanitárias costumam ser melhores do que na América Latina.
– Tudo depende de como a doença evoluirá em território europeu – pondera a veterinária Liana Brentano, do setor de virologia de aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Após reunião realizada em Brasília na quinta-feira, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, anunciou a estratégia de combate ao vírus. O plano prevê a proibição do trânsito de aves entre os Estados, o que permitiria o bloqueio dos animais contaminados em áreas restritas. Também deve ocorrer o cadastramento obrigatório dos pequenos produtores.
Uma terceira providência é o mapeamento por satélite dos grandes aviários e abatedouros, para que o risco de contaminação seja rastreado rapidamente. Em 15 dias, o governo também distribuirá informativos para quem estiver se deslocando para áreas de risco.
A veterinária Adriana Reckziegel, chefe da Defesa Sanitária da Secretaria Estadual de Agricultura, acredita que o Rio Grande do Sul não será pego desprevenido pela gripe das aves. Adriana integra a força-tarefa que reúne técnicos dedicados a prevenir a doença no Estado.
Temos um plano de emergência sanitária capaz de isolar aviários e bloquear o vírus adianta.
A veterinária afirma que, apesar de a legislação que proíbe o trânsito de aves entre os Estados não estar pronta, os produtores têm evitado o tráfego pelo país. A maior preocupação é que haja a contaminação de humanos. Para evitar isso, noções de higiene vêm sendo repassadas aos avicultores gaúchos.