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Inseminação artificial de suínos no oeste de SC cresce 67%

A inseminação no oeste catarinense é alavancada pelas Centrais de Inseminação de Chapecó, São Miguel do Oeste, Concórdia e Joaçaba operadas em parceria entre a Aurora, ACCS e cooperativas filiadas.

Redação SI (15/02/06) – O emprego da inseminação artificial (I.A.) para o aprimoramento genético dos rebanhos de suínos teve, em 2005,  um avanço de 67% em relação ao ano anterior, na área de atuação da  Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora), refletindo-se em ganhos para a cadeia produtiva. O oeste barriga-verde continua sendo um dos maiores e mais avançados centros de inseminação da suinocultura industrial brasileira, tendo a Coopercentral Aurora como sua maior estimuladora e a principal abatedora de suínos de Santa Catarina.

A reação nos preços e a superação dos entraves mercadológicos permitiram, durante o ano de 2005, manter bons índices de desempenho, avaliam o vice-presidente Mário Lanznaster e o gerente de melhoramento genético Alderi Miguel Crestani.

O abate total do ano registrou crescimento de 2,01% e chegou a 2 milhões 296 mil cabeças de suínos. A oferta de carnes in natura foi ampliada em 3,57% (de 207,3 mil toneladas para 214,7 mil toneladas) e a linha de industrializados teve incremento de 7,34% (de 181,8 mil  toneladas para  195,2 mil toneladas).

A inseminação no grande oeste catarinense é alavancada pelas Centrais de Inseminação de Chapecó, São Miguel do Oeste, Concórdia e Joaçaba operadas  em parceria entre a Coopercentral, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos e cooperativas filiadas. Atuando sincronizadamente em 2005, elas produziram 274.530 doses (média mensal de 22.877), ou seja, 67% acima de 2004 quando foram distribuídas 183.856 doses de sêmen. O número de fêmeas inseminadas foi correspondentemente maior atingindo 137.265 animais (são empregadas duas doses de sêmen de altíssima qualidade para cada matriz).

Lanznaster e Crestani destacam que a importância do avanço genético pode ser avaliada na média de nascimentos da inseminação artificial que foi de 11,8 leitões por parto. Do abate total do  conglomerado Aurora em 2005 (2,296 milhões de suínos), cerca de 60% foram de animais oriundos de inseminação artificial, o que assegura o mais alto padrão genético, pois são animais especialmente selecionados para maior produção e qualidade de carne magra.

         A Coopercentral Aurora  assinou, em 2005, contratos com as empresas DB DanBred e Agroceres Pic para desenvolver programas de transferência de material genético suíno nos próximos oito anos. Ambos os contratos permitem a operacionalização de uma pirâmide de produção da Coopercentral que consiste de bisavós puras para a formação de um rebanho-núcleo e avós cruzadas (F1) para o repasse às granjas multiplicadoras. Os produtos genéticos da DB DanBred e da Agroceres Pic somam-se ao Embrapa MS60, dando aos criadores as três melhores opções do mercado para a suinocultura intensiva.

Nos últimos quatro anos, houve uma reposição de 100% no plantel de fêmeas. O sistema de integração mantém, no campo, 165.353 matrizes. A conjugação dos processos de monta natural, inseminação artificial, seleção de machos e fêmeas  permitiu obter excelentes índices de carne magra (56,6%) e de peso de carcaça (84,3 kg). O resultado desse trabalho coloca a Aurora entre as melhores agroindústrias do segmento. Essas condições retratam uma suinocultura tecnologicamente avançada e zootecnicamente moderna.

A base produtiva da Aurora, além das quatro  centrais de inseminação e três granjas-núcleos, conta com 22 granjas multiplicadoras e 6.413 suinocultores integrados. Nas granjas-núcleos e centrais de inseminação, são selecionados machos que detêm mais de 60% de carne magra, espessura de toucinho inferior a 1 centímetro, ganho de peso diário superior à 860 gramas e conversão alimentar inferior a 2,3 kg de ração para 1 kg de carne. Cada inseminação custa R$ 3,00 (posto central) e R$ 3,50 (posto na propriedade) para os produtores cooperativados.

        

Inseminação: uma trajetória ascendente

A inseminação artificial surgiu em 1925 na Rússia, foi aperfeiçoada em 1931 nos Estados Unidos, mas foi adotada comercialmente no Brasil somente em 1975 com a comercialização de sêmen através das duas primeiras centrais de inseminação artificial, localizadas em Concórdia (SC) e Estrela (RS). No país, representa 5% da reprodução dos rebanhos de suínos; significando que  95% da multiplicação dos planteis ainda é feita por monta natural. Na Europa,  60% das coberturas das fêmeas processa-se artificialmente.

         Cada macho, em condições normais de monta natural, serve a 15 fêmeas em média, enquanto que, com o uso da inseminação artificial, este mesmo macho serve até 130 fêmeas. O macho proporciona três coletas semanais que produzem de 15 a 18 doses por coleta, resultando 3 bilhões de espermatozóides por dose. Cada coleta rende em média 360 ml de sêmen.

         Após a coleta, o sêmen é levado ao microscópio para análise de motilidade e concentração de espermatozóides. Na seqüência, é embalado por dose e acondicionado em caixas antitérmicas para o transporte até os produtores. O manejo desse sêmen é feito sob a forma resfriada, devendo ser utilizado  até 48 horas após a coleta.

A Coopercentral Aurora adotou a inseminação artificial em 1978  com a construção interna de uma pequena central de coleta de sêmen em uma de suas granjas núcleo. Mas o grande impulso foi dado com a construção da primeira central  em 1996 no município de São Miguel do Oeste, em parceria com ACCS e Cooper São Miguel. Seguiu-se a instalação das centrais de Chapecó (1997), Concórdia (1999) e Joaçaba (2000). As quatro centrais estão localizadas estrategicamente nas áreas de maior produção de suínos de Santa Catarina, sendo que a maior distância entre elas e as propriedades rurais atendidas não é superior a 90 quilômetros.

         O armazenamento  e transporte  do sêmen é feito em caixas térmicas até os postos de redistribuição, localizadas em pontos estratégicos nos municípios e comunidades. O sêmen é resfriado e chega aos produtores no mesmo dia ou no máximo em 12 horas após a coleta.

Para suprir as quatro centrais de inseminação, os machos passam por um quarentenário para uma melhor seleção, treinamento na fêmea mecânica, coleta e análise do sêmen, sendo realizados exames sanitários como brucelose, tuberculose, leptospirose, aujesky, peste suína e PPRR e tratamento para os endoparasitas e ectoparasitas. Somente depois desses procedimentos é que os machos são liberados e destinados para as C.I.. As raças disponíveis nestas centrais são basicamente os  híbridos (Embrapa  MS 60. Agroceres PIC e DB DanBred) ao lado de Landrace e Large White produzidos pela própria Aurora.

         As vantagens do método artificial são muitas:  rápido melhoramento genético,  menor custo com machos, melhor uso de machos geneticamente superiores, controle de enfermidades, eliminação da diferença entre peso de machos. O resultado é mensurado na indústria, onde o animal com melhor índice (peso da carcaça e percentual de carne magra) proporciona maior remuneração ao suinocultor.