Redação (07/01/2008)- Estimativas de analistas de mercado mostram que o setor tende a crescer entre 5% e 15% neste ano. O complexo soja, um dos responsáveis pelo bom desempenho no ano passado, deverá continuar com vendas externas em alta e o café voltará à lista dos que contribuíram para o resultado positivo do setor. Entre os principais produtos, as dúvidas caem sobre as carnes – em que medida as restrições da União Européia poderão interferir nas exportações.
Entre 1994 e 2004 o saldo comercial do campo foi superior ao de toda a balança comercial brasileira. Nos dois anos seguintes, respondeu por entre 85% a 90%. E, no ano passado, superou o resultado brasileiro. Segundo estimativas preliminares da consultoria Tendências – com base nos números até novembro-, o saldo da balança comercial do agronegócio foi de US$ 50,5 bilhões – cerca de US$ 10 bilhões a mais que o superávit comercial brasileiro e quase 20% acima do ano anterior.
Os números globais do setor variam conforme a consultoria, pois há mudança na metodologia, com acréscimo ou retirada de produtos. Na RC Consultores a expectativa é que o saldo some US$ 44,8 bilhões em 2008 – 12% a mais que os US$ 40 bilhões do ano passado.
Amarillys Romano, economista da Tendências, diz que os maiores destaques de 2007 foram as carnes e a soja, que passaram de US$ 11 bilhões, mas acrescenta que praticamente todos os itens da pauta de exportações tiveram desempenho favoráveis. "O resultado só não foi melhor porque a importação de fertilizantes cresceu muito", afirma.
Para este ano, Amarillys acredita em um ritmo menor de crescimento. Segundo ela, como os preços dos grãos estão valorizados, a receita será maior – mas deve ficar em cerca de 5%. No entanto, a economista ressalta que o volume exportado pode diminuir – se houver quebra de safra por problemas climáticos – ou por barreiras comerciais, como o caso da União Européia. Ela acrescenta que o café terá um volume maior comercializado – por causa da "safra cheia" – mas não necessariamente com preço mais alto.
Assim como o café, Fábio Silveira, economista da consultoria, destaca a soja – por conta dos bons preços vigentes no mercado internacional. "Sobretudo o óleo, em virtude do biodiesel e da escassez de soja no mercado internacional devido à diminuição da área nos Estados Unidos", afirma. Em sua avaliação, a exportação de soja será o principal fator de expansão da receita brasileira, com aumento de 16% nas vendas.
O vilão de 2007 – o açúcar, cujas vendas caíram no ano passado (ver matéria abaixo) – deverá ter uma recomposição. A receita deve aumentar 8%, chegando a US$ 5,3 bilhões, mas abaixo do recorde de 2006 – quando o País obteve US$ 6,3 bilhões em remessas do produto, de acordo com a RC Consultores. "Como a rentabilidade do setor virá mais do álcool, isso permitirá uma recuperação do preço do açúcar", conclui Silveira.
O economista Chau Kuo, da LCA Consultores, diz que as projeções iniciais mostram que em todos os produtos – com exceção do açúcar – tanto em receita quanto em volume. "Mas o efeito mais forte vai ser o preço que a quantidade, exceto no café que a contribuição virá da safra maior", diz Kuo.
Mas, assim como os demais analistas, ele acredita que o ritmo de crescimento será menor. Pelas projeções da LCA Consultores, as exportações aumentaram 26% em 2007 e tendem a ser 15% superiores neste ano. "Os preços não crescem no ritmo que vinham desde 20o5, por isso ocorre uma desaceleração", afirma.
As projeções da consultoria indicam uma taxa cambial de R$ 1,60. Kuo diz que a forte alta dos preços agrícolas no mercado internacional está compensando o câmbio. "A demanda externa é a variável mais forte", conclui.
Entre os produtos que tiveram bom desempenho no ano passado – soja, milho e carne bovina foram destaque em 2007. Destes, o milho tem um porém – as fortes vendas para a Europa, que ocorreram no ano passado em conseqüência de uma menor safra naquele continente tendem a desacelerar em 2008. Para a soja, a sua estimativa é que os preços cresçam em ritmo menor que o do ano passado e, no caso das carnes, as vendas subam 3% ante os 10% de 2007.