Redação (19/02/2008)- A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) quer superar a marca dos US$ 422 milhões do produto in natura (fresca congelada) vendida no ano passado para o Oriente Médio. O presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, viaja, quinta-feira, para a região a fim de tentar ampliar os negócios do setor no momento em que as exportações brasileiras de carnes para a União Européia devem cair. Depois do Oriente Médio, ele pretende trabalhar o mercado chinês, em junho, aproveitando os eventos em torno das Olimpíadas de Pequim, além de Marrocos e Indonésia.
Embora reconheça que o consumo interno cresce – o País consome 74% da carne que produz -, isso não é suficiente para repor as perdas com a redução das exportação para os europeus, principalmente de carnes nobres. Somente para os Emirados Árabes, um dos países que Pratini de Moraes visitará, foram exportados, no ano passado, US$ 34 milhões de carne in natura, o equivalente a 17 mil toneladas.
Ele prefere não fazer projeções de quanto o comércio com os países que vai visitar poderá aumentar, mas está otimista. "Nunca imaginei que fôssemos vender este volume quando começamos a exportar carne para o Oriente Médio", afirmou, lembrando que isso foi em 2002, quando foram vendidos apenas US$ 6 milhões.
O prejuízo do boicote da UE, segundo o presidente da associação, poderá chegar a R$ 90 milhões ao mês. Se nada fosse feito para vender a carne a outros mercados, entre 5 mil e 6 mil trabalhadores poderiam ficar sem emprego nos frigoríficos. No total, entre empregos diretos e indiretos, 18 mil pessoas seriam atingidas com a crise.
Entretanto, depois de muito espernear, o Brasil vai aceitar, ao menos em um primeiro momento, que a União Européia limite a 300 o número de fazendas autorizadas a exportar carne para o bloco. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, avalia que essa é uma forma de manter abertos os canais de negociação.
Ele acredita que será possível ampliar o número de exportadores, à medida que for demonstrado aos europeus que um número maior de propriedades cumpre as exigências de controle sanitário e rastreabilidade do gado.
A venda de carne brasileira para a UE está suspensa desde 1 de fevereiro. As exportações só deverão ser retomadas após a vinda de uma nova missão européia, que chega no dia 27 para vistoriar fazendas produtoras e ficará no País até 11 de março. O aval brasileiro ao limite de 300 fazendas exportadoras, ainda que temporário, contrasta com o tom duro adotado pelo governo desde o início da crise.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, chegou a afirmar, em visita à Espanha, há duas semanas, que a limitação do número de propriedades exigida pelos europeus era "descabida" e poderia comprometer um futuro acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia.