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Carnes suína e de frango mais perto do Chile

O país poderá anunciar nos próximos dias a abertura de seu mercado às carnes de suínos e aves in natura do Brasil. Estes produtos nunca foram importados pelos chilenos, que alegavam problemas sanitários.

Redação (05/03/2008)- Com as garantias oferecidas à gestão da presidente Michelle Bachelet de que os animais criados no Brasil estão livres de doenças como newcastle, por exemplo, neste ano o comércio bilateral ganhará novas frentes. 

A perspectiva de novos negócios animava ontem o embaixador Mario Vilalva, que representa o Brasil há cerca de um ano e meio no Chile. Os criadores chilenos, observou, não conseguem suprir a demanda doméstica por carne suína, enquanto os de aves estão vendo nas exportações aos Estados Unidos, em especial de peito de frango, melhor oportunidade do que abastecer a geladeira dos consumidores chilenos. 

O Brasil, porém, segue sem exportar carnes – exceto o Rio Grande do Sul, cuja carne bovina está liberada desde 2006. Na frente bovina, contudo, o embargo chileno, que afetou exportações da ordem de US$ 200 milhões por ano, continua duro. 

O Chile, assim como outros países, exige que produtores brasileiros rastreiem o gado com rigor. Ou seja, é exigido um acompanhamento por meio de etiquetas de identificação penduradas em cada animal. Este sistema, batizado de Sisbov (Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeira Produtiva de Bovinos e Bubalinos), é administrado pelo Ministério da Agricultura e deve ser adotado por todo aquele que quiser exportar carne para União Européia, Suíça e Albânia, além do Chile. 

O sinal verde para uma venda mais ampla de carne bovina ao Chile ainda vai demorar um pouco mais, mas o embaixador Vilalva diz que o processo está na reta final. "Não conseguimos ainda elementos consistentes sobre nosso sistema (Sisbov), mas estamos melhorando e em breve o embargo do Chile pode ser suspenso", disse o embaixador. Apesar do otimismo do diplomata brasileiro em relação à proximidade da abertura para as outras carnes, os exportadores brasileiros acreditam que o processo ainda deverá demorar um pouco mais. 

Segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o processo em seu segmento está mais acelerado, tendo em vista que uma missão técnica chilena já esteve no Brasil, visitou seis ou sete fábricas que poderão ser habilitadas a exportar e saiu com boas impressões. "Só que ainda não sabemos o resultado da visita", disse. 

Segundo ele, o mercado chileno será relativamente pequeno para a carne suína do Brasil, mas será importante do ponto de vista de credibilidade. Isso porque o Chile tem acordos bilaterais com México e Japão, que são tão exigentes – e protecionistas – quanto os vizinhos sul-americanos quando o assunto é sanidade. 

Christian Lohbauer, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), tem mais ou mesmo a mesma visão de Camargo Neto. Ele afirma, contudo, que em seu segmento o processo de abertura chilena está mais atrasada, o que sugere que uma decisão nesse sentido demorará mais. Segundo ele, uma missão técnica do Chile deverá desembarcar no Brasil para habilitar plantas exportadoras de carne de frango até o começo de abril.