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Brasil irá disputar com Índia e China mercado dos transgênicos

Apesar de o País liderar a expansão de lavouras transgênicas, a ascensão dos asiáticos pode resultar na retração de mercados para os produtores brasileiros nos próximos anos.

Redação (11/03/2008)- A competitividade entre Brasil, China e Índia deve marcar também a disputa pelo avanço da biotecnologia. Apesar de o País liderar a expansão de lavouras transgênicas, a ascensão dos asiáticos pode resultar na retração de mercados para os produtores brasileiros nos próximos anos. "Até 2006 os países da América do Norte e do Sul puxaram o crescimento. A década seguinte será dos asiáticos, e o desafio do Brasil será manter a produção acima da deles", afirmou, em sua visita ao Brasil, Clive James, presidente do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA). "O Brasil tem de decidir se quer ser um líder", completou.

De acordo com James, o crescimento dos asiáticos nos próximos anos deve ocorrer na produção do milho e principalmente do arroz, cujo consumo é elevado na região. A China já possui a tecnologia e aguarda a aprovação; a previsão é que o impacto na renda dos produtores seja de US$ 4 bilhões até 2010. O orçamento do governo chinês para investimento em biotecnologia para o arroz é de US$ 1,2 bilhão por ano. "O Brasil, que é o maior produtor de arroz fora da Ásia, deve buscar uma parceria com esses países", sugeriu James.

James alertou do risco que o Brasil corre em não investir em variedades transgênicas com multifunção, como já ocorre em 10 países. "Se o Brasil quiser ser competitivo, esse investimento será obrigatório", avalia.

Em 2007, dos 114 milhões de hectares de transgênicos plantados no mundo 19% tinham mais de um gene inserido.

Segundo James, em 2010 os Estados Unidos devem começar a comercializar uma variedade de milho com oito genes inseridos.

Avanço no Brasil

A pesquisa Rally da safra feita pela consultoria Agroconsult revelou que, na safra 2007/2008, 59,1% das lavouras de soja são transgênicas. No Sudeste esse índice chega a 82,1% enquanto o Norte-Nordeste apresenta a menor incidência do País com 32,6%.

A perspectiva para o uso de milho trasngênico, que deve ter uma produção em escala na safra 2008/2009, é de que se os preços do grão continuarem elevados seja grande a busca por produtores decididos a aumentar a produtividade.

"Os produtores também estão ansiosos para conter a lagarta-do-cartucho, que teve alta incidência nesta safra", afirmou André Pessoa, diretor da Agroconsult. Na sua avaliação, a safra de 40,1 mil toneladas de milho poderia ser até 10% maior sem o alto índice da praga.

O Brasil terá o desafio de vencer a China e Índia na disputa pelo avanço da biotecnologia. Apesar de o País liderar a expansão de lavouras transgênicas, a ascensão dos asiáticos pode resultar na retração de mercados para os brasileiros. "Até 2006 os países da América do Norte e do Sul puxaram o crescimento. Em seguida virão os asiáticos, e o desafio do Brasil será manter a produção acima da deles", afirmou ao DCI Clive James, presidente do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia.