Redação (31/03/2008)- As exportações da safra 2007/08 de milho estão tirando o sono das cadeias suinícola e avícola. Apesar de o mercado estar abastecido atualmente, produtores e indústrias temem pela escassez do grão no decorrer do ano. Além de não poder elaborar um planejamento consistente para a atividade, não podem se preparar para elevação no preço da matéria-prima caso a oferta interna seja reduzida. ””Em 2007, foram exportadas 11 milhões de t e ficamos com a corda no pescoço””, lembra o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini. Em função disso, a indústria chegou a registrar elevação de até 20% no preço final dos produtos.
Conforme previsão da Abramilho, este ano, será exportada, no mínimo, a mesma quantidade da última safra. O volume de embarques é necessário, segundo o presidente da associação, Odacir Klein, para se manter a cotação do grão no mercado doméstico. ””O Brasil deve consumir 44 milhões de toneladas e a estimativa de produção é de 55 milhões de t, segundo a Conab. O que vamos fazer com o excedente?””, questiona. No entanto, Valentini contrapõe dizendo que a pecuária leiteira e o confinamento do gado de corte estão fazendo uso maior do cereal. Só a criação de suínos e aves responde por 70% do consumo do grão no país.
O tema deverá estar em pauta na próxima reunião da Câmara Setorial de Suínos e Aves, ainda sem data marcada. Na ocasião, produtores e indústrias devem se unir para solicitar providências ao governo federal como, por exemplo, a liberação da importação de milho transgênico. Klein desaprova a atitude. De acordo com ele, os agricultores estão abertos a debater a questão através do diálogo. ””A Abramilho não tem nada contra as importações, mas queremos o direito de exportar””, defende.
No Rio Grande do Sul, a safra do grão está prevista em 5,3 milhões de toneladas segundo a Emater. Conforme levantamento conjuntural da instituição, 50% dos 1,4 milhões de hectares estão colhidos até agora. A média de produtividade varia 2 mil quilos por hectare em Bagé (Campanha e Fronteira-Oeste) e 5 mil kg/ha em Erechim e Caxias do Sul (Norte/Nordeste e Serra, respectivamente). Entetanto, o Estado não é auto-suficiente, diferentemente do Paraná e dos estados do Centro-Oeste. ””O produtor tem milho. Ele só tem que buscar em outro lugar””, diz Klein.