Redação (31/03/2008)- Atualmente, o consumo de carne suína em diversas partes do mundo é extremamente elevado. Absoluto nas gôndolas internacionais e nas mesas das famílias chinesas, dinamarquesas, russas, entre outros países de grande consumo, o produto é hoje a carne mais consumida do mundo. Em dados numéricos, o setor representa 39% (FAO, 2005) de todo o consumo de carne mundial, seguido pela de aves e bovinos. Entretanto, este quadro não se repete no mercado brasileiro. Seguindo a ordem inversa do restante do mundo, o Brasil tem na suinocultura sua terceira mais consumida fonte de proteína animal.
Para se ter uma idéia, enquanto alguns dos países com os maiores Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB) do mundo registram um alto consumo per capta – por exemplo, Áustria (73,1 kg per capita), Espanha (67,4 kg), Alemanha (66,4 kg), Dinamarca (64,7 kg), Itália (42,9 kg) – no Brasil, o consumo não passa de 13 quilos. Deste número, a maior parte (60%) é de embutidos, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Curiosamente, contrapondo-se ao consumo, o Brasil detém hoje o quarto maior plantel suíno do mundo, com um rebanho superior a 37 milhões de cabeças que, em 2007, foi responsável por uma produção de 3 milhões de toneladas.
Destaque especial para a região Sul. O Estado de Santa Catarina lidera o ranking dos maiores produtores de suínos do país com 8,9 milhões de cabeças, seguido por Rio Grande do Sul, com 6,1 milhões, e Paraná, com 5,1 milhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, (ABIPECS).
Na ausência de consumidores brasileiros, o país mantém o comércio – quase a totalidade (99%) de produtos in natura, segundo a ABIPECS – com grandes potências consumidoras, como a Rússia, o que o faz também o quarto maior exportador do globo. No ano passado, o Brasil faturou US$ 1,23 bilhão somente com as exportações.
Se, por um lado, a venda para o mercado internacional possa ser financeiramente mais vantajosa, por outro, as sanções e embargos criam grandes problemas para a atividade. O grande exemplo disto foi o embargo russo ocorrido em 2005, decorrente do aparecimento de focos de febre aftosa no Paraná e Mato Grosso. A conseqüente super-oferta descompassada com a demanda interna e o aumento de insumos como o milho – que sofreu reajuste de 44% entre novembro de 2006 e 2007, frente os 28% de aumento do suíno vivo no mesmo período – promoveram grandes problemas para o produtor até meados de 2007.
Superadas as tempestades com a retomada da exportação Russa (principal consumidor da carne suína brasileira, com 45% da pauta da exportação e embarque de 278 mil toneladas) e a expansão das exportações para os Tigres Asiáticos em 2007, como Hong Kong (aumento de 43% em relação a 2006, com 106 mil toneladas embarcadas) e Cingapura (crescimento de 26%, com quase 32 mil toneladas exportadas), o Brasil vê sua pauta de exportação chegar a 606 mil toneladas, retomando níveis próximos ao ano de 2005, quando o país atingiu 625 mil toneladas.
Para diminuir a dependência dos embarques internacionais, o setor está apostando em parcerias e promovendo uma série de ações que unem toda a cadeia produtiva em prol de um único objetivo: atingir o consumidor que não exige a travessia de oceanos, que está aqui mesmo e aprecia a carne suína. Entre as principais ações promovidas pelo setor no ano está a 6ª Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos (AveSui), única feira do continente a unir todos os segmentos da suinocultura e avicultura.
Promovida entre 13 e 15 de maio no Centro de Convenções de Florianópolis (SC), a feira será um centro de oportunidades, reunindo em um único espaço mais de 250 empresas – entre elas, 48 estrangeiras – dos diversos setores da cadeia produtiva. Mais de 20 mil visitantes (10% deles, estrangeiros) são esperados nesta edição do evento.
Aposta na Informação – Visando fomentar estratégias para o consumo interno, a feira promoverá o Painel de Marketing da Carne Suína, com alguns dos principais nomes da suinocultura brasileira. Nomes como Rubens Valentini (presidente da ABCS), Edson Lupatini (secretário nacional de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Sussumu Honda (presidente da Abras), Pedro Camargo Neto (presidente da ABIPECS), entre outros, estarão presentes para falar sobre as iniciativas do setor para aumentar o consumo da carne suína.
Entre as ações do setor, destaca-se a campanha “Novos Olhares sobre a Carne Suína”, que visa aumentar as opções de carne suína in natura nas gôndolas do supermercado com novos cortes – assim como a carne bovina, que conta com contrafilé, file mignon, entre outros. A campanha será um dos focos da edição deste ano da AveSui. “O objetivo da AveSui, além de fomentar o mercado com produtos e tecnologias, é fazer com que o produtor entre em contato com novas estratégias que sejam favoráveis ao setor. Para o suinocultor, pensar em mercado interno é fazer com que a produção ganhe força para expandir os horizontes. Fortalecer o consumo brasileiro é fundamental para que não passemos por mais apuros diante de crises no mercado internacional”, ressalta Alexandre Aidar, diretor de Comunicação da Gessuli Agribusiness, que promove a feira.
O evento contará ainda com diversas atrações que proporcionarão um extenso e diversificado leque de informações para quem busca aprimorar seu método produtivo e sua participação no mercado. Uma delas é o VII Seminário Internacional de Aves e Suínos, que contará com renomados especialistas do Brasil e do exterior para discutirem questões relativas à produção e mercado. Além disto, haverá também vários cursos técnicos, como o I Curso Prático de Cortes da Carne Suína, o Curso Prático de Manejo de Leitões, o Curso de Tipificação de Carcaças e o Curso Melhorando a Rentabilidade com os Novos Cortes da Carne Suína, realizado em parceria com a Embrapa Suínos e Aves. Painéis de negócios, com temas relacionados ao Marketing e Varejo de Carnes, completarão a programação do evento